Ensaios sobre a migração de retorno interestadual no Brasil.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/06/2012

RESUMO

O principal objetivo desse estudo é analisar o efeito da experiência de migração interestadual no Brasil sobre a reinserção produtiva e os rendimentos do trabalhador retornado à região de origem. Os dados utilizados neste estudo foram provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADs) de 1999 e de 2009. Esse estudo está dividido em três ensaios. O primeiro é reservado à investigação do padrão migratório dentro do território brasileiro e à comparação dos atributos socioeconômicos dos migrantes de retorno com aqueles observados para os não migrantes e migrantes não retornados. Na década de 2000, as evidências mostram que a maioria dos migrantes de retorno voltou para a região Nordeste e também que a região Sudeste emitiu mais pessoas que recebeu, indicando perda de capacidade de atração. O trabalhador remigrado pode ser caracterizado como um indivíduo do sexo masculino, de cor não branca, residente em área urbana e chefe de família; sendo, em média, mais jovem, mais escolarizado e melhor remunerado que o não migrante. Por outro lado, o remigrado é mais velho, menos escolarizado e aufere menor rendimento que o migrante não retornado. No segundo ensaio se analisam a determinação da condição de migração e os diferenciais de salários entre as categorias: migrante interestadual de retorno, migrante interestadual não retornado e não migrante. A metodologia utilizada consistiu na estimativa de um modelo estrutural de determinação conjunta de migração, remigração e salários, com a aplicação do método de Lee (1978) para a correção do possível viés de seleção amostral. Ademais, os diferenciais de salários foram calculados a partir da técnica de Oaxaca-Ramson e Oaxaca-Blinder. Os achados empíricos apontam que trabalhadores homens, mais escolarizados, ocupados como autônomos e empreendedores, foram mais propensos à migração interestadual e à remigração ao estado de nascimento. Ademais, em relação aos rendimentos, mostram que os trabalhadores homens, mais escolarizados, ocupados como funcionários públicos e empreendedores, auferiram maiores valores. Porém, os migrantes não retornados e os migrantes de retorno receberam maiores rendimentos do que os não migrantes, sendo estas diferenças explicadas principalmente pelas características não observadas, indicando uma seleção positiva dos migrantes em atributos não observados em relação aos não migrantes. Por último, o objetivo do terceiro ensaio foi investigar o impacto da acumulação de poupança e/ou riqueza na decisão de ocupação do migrante interestadual de retorno. A metodologia usada na referida averiguação foi a estimação de um modelo probit com regressor endógeno, corrigindo o viés de endogeneidade presente na acumulação de riqueza. As evidências empíricas permitiram observar que a acumulação de riqueza impactou positivamente na escolha por empregar-se como autônomo e empreendedor. Ademais, também foi constatado que os trabalhadores migrantes mais prováveis de se empregar como autônomo ou empreendedor são os homens, de cor branca, mais velhos, com baixa escolaridade e que residem nas regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Em relação à acumulação de riqueza, também foram constatados que os trabalhadores que retornaram antes do ano 2000 foram os que acumularam mais riqueza do que os trabalhadores da década recente e os acúmulos de riqueza foram gerados no período de juventude dos trabalhadores.

ASSUNTO(S)

ocupação rendimentos migração de retorno economia return migration wage differential occupation

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