Enfrentando desafios e construindo possibilidades - a experiência da equipe no processo de incubação de um empreendimento solidário formado por usuários de um CAPS

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A política nacional de saúde mental, norteada pela reabilitação psicossocial, tem como objetivo a inclusão social das pessoas com transtornos mentais. A inclusão social pelo trabalho na perspectiva da economia solidária é a mais nova estratégia para a reabilitação. Da articulação dos atores do campo da saúde mental e da economia solidária de um município paulista foi criado, em 2006, um grupo solidário, o Recriart, em processo de incubação através da parceria entre o Centro de Atenção Psicossocial de São Carlos e a Incubadora Regional de Cooperativas Populares (INCOOP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A incubação é um processo de assessoria a grupos para a formação e consolidação de empreendimentos econômicos. A metodologia de incubação da INCOOP/UFSCar compreende dezesseis classes de comportamentos. Esta pesquisa qualitativa teve por objetivo analisar a experiência da equipe no processo de incubação do Recriart, tendo como referenciais teóricos a Reabilitação Psicossocial e a Economia Solidária. Também se constituiu como objetivo a descrição e reflexão do processo de incubação do grupo, a qual foi realizada através da inserção da pesquisadora no contexto, de consulta a documentos e de informações coletadas junto a coordenação do grupo. Para analisar a experiência da equipe de incubação, realizamos entrevistas semiestruturadas. Os dados das entrevistas foram analisados segundo a análise de conteúdo, categoria temática proposta por Bardin. Todos os cuidados éticos foram observados. Primeiramente apresentamos e refletimos sobre o processo de incubação do grupo pautado na metodologia da INCOOP. Desse processo enfatizamos a importância da parceria construída para fortalecimento e consolidação do grupo. Da análise das entrevistas emergiram quatro categorias temáticas: Considerando a incubação como um processo aprendendo e encontrando os significados de ser apoio; Apontando facilidades e dificuldades no processo de construção do empreendimento; Visualizando resultados da inclusão pelo trabalho percebendo a melhora dos usuários; Apontando necessidades de mudanças no processo, esperando uma maior autonomia dos usuários e a formalização do empreendimento. Ao ouvir a experiência da equipe constatamos que esta se constitui em um trabalho novo e gratificante, pois possibilita aprendizado, troca de saberes e vínculo com os usuários, embora haja conflitos nas relações. Ao refletirmos sobre o papel do técnico o reconhecemos como educador/facilitador do processo, uma vez que apoia os usuários em todas as atividades, fazendo com eles e não por eles o que representa tutela como direito à saúde. Para além das facilidades, a equipe enfrenta desafios também presentes em empreendimentos da economia solidária relacionados à renda insatisfatória, à construção da autonomia e à efetivação da autogestão. Em relação à autonomia há a necessidade da definição precisa deste conceito entre as técnicas. Embora haja desafios, a equipe reconhece a relevância do trabalho para a vida dos usuários apontando avanços na autonomia e nas habilidades técnicas dos mesmos para o trabalho. A equipe aponta ainda mudanças necessárias para o crescimento/desenvolvimento do grupo relacionadas à maior autonomia e formalização do empreendimento. Frente ao apresentado, esperamos que esta pesquisa contribua para a reflexão de outras experiências e também para o conhecimento sobre metodologia de incubação na saúde mental.

ASSUNTO(S)

saúde mental economia solidária trabalho metodologia tecnologia desinstitucionalização reabilitação enfermagem deinstitutionalization rehabilitation solidary economy methodology technology

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