Endoscopia digestiva alta em 218 pacientes no primeiro ano de pós-operatório da cirurgia de capella: descrição e associação dos dados clínicos e achados endoscópicos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A obesidade é uma doença comum tanto em países desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento. Associa-se a condições que ameaçam a saúde, representando dessa forma sério problema de saúde pública. Para pacientes selecionados, a terapêutica cirúrgica, conhecida como cirurgia bariátrica, é no momento, o tratamento mais efetivo. Apesar do sucesso da cirurgia bariátrica em termos de perda de peso, melhora das co-morbidades e aumento da qualidade de vida, um sub-grupo de pacientes desenvolve sintomas digestivos no pós operatório, perda de peso inadequada, excessiva ou mesmo reaquisição de peso e são referendados ao serviço de endoscopia digestiva. O objetivo deste estudo é descrever e associar os dados clínicos e os achados endoscópicos no primeiro ano de pós-operatório de um grupo de 218 pacientes submetidos a cirurgia de Capella, que foram entrevistados e submetidos ao exame de endoscopia digestiva. Dos 218 pacientes, 186 (85,3%) apresentaram um ou mais dados clínicos que motivaram a realização do exame endoscópico e 32 (14,7%) pacientes foram submetidos ao exame para controle. Dentre os dados clínicos, o mais comum foi presença de vômitos em 50% dos pacientes seguido de dor epigástrica em 32%. O exame endoscópico foi normal em 140 pacientes (64,2%) e alterado em 78 (35,8%). As alterações mais freqüentes foram impactação de alimentos (8,3%) e úlcera marginal (5,5%). Após análise dos dados clínicos e dos achados endoscópicos, verificou-se associação estatisticamente significativa entre as seguintes variáveis: pacientes assintomáticos (controle) com exame endoscópico normal; dor epigástrica com erosão e úlcera marginal; vômitos agudos com estenose de anastomose, impactação de alimentos, estenose e deslizamento do anel; perda inadequada de peso com fístula e anel alargado; reaquisição de peso com bolsa de grande tamanho. Apesar da suspeita clínica, não foram encontradas associações entre as seguintes variáveis: perda excessiva de peso com estenose de anastomose, impactação de alimento, estenose do anel ou deslizamento do anel; dados clínicos com teste da uréase, pesquisa histológica do H. pylori e inflamação da bolsa gástrica; erosão e úlcera marginal com teste da uréase e pesquisa histológica do H. pylori. De acordo com os dados deste estudo concluímos: 1. O dado clínico que mais indica a realização da endoscopia é a presença de vômitos e a alteração endoscópica mais comum é a impactação de alimentos; 2. Na ausência de sintomas e com perda de peso satisfatória não há necessidade de investigação endoscópica na cirurgia de Capella durante o primeiro ano de pós-operatório; 3. A associação entre os dados clínicos e as alterações endoscópicas é pouco frequente. Mas a ausência de vômitos, especialmente do tipo agudo, praticamente exclui os diagnósticos de estenose de anastomose, estenose e deslizamento do anel e impactação de alimentos. Da mesma forma, a ausência de dor epigástrica exclui o diagnóstico de úlcera marginal; 4. Não há necessidade de estudo histológico e teste da uréase da bolsa gástrica considerando que não existe associação entre dados clínicos ou úlcera marginal e infecção da bolsa gástrica pelo H. pylori.

ASSUNTO(S)

vômitos decs derivação gástrica/efeitos adversos decs cirurgia bariátrica decs dor abdominal decs perda de peso decs obesidade mórbida/cirurgia decs endoscopia gastrointestinal decs período pós-operatório decs azia decs endoscopia gastrointestinal decs estômago/cirurgia decs

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