Empresas multinacionais e capacitação tecnologica na industria brasileira

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O objetivo principal da tese é discutir a contribuição das multinacionais estrangeiras para o aprendizado tecnológico da indústria brasileira, particularmente seu papel no aprofundamento deste processo. Em um contexto de crescimento acentuado do investimento direto estrangeiro no Brasil, a partir de meados dos noventa, e o conseqüente aumento da participação do capital estrangeiro no país, intensificou-se o debate acerca do papel das subsidiárias de multinacionais estrangeiras na economia brasileira, particularmente no tocante à sua contribuição em termos tecnológicos. Em relação a este aspecto, o debate tem sido focado na importância destas empresas para a modernização ampla da indústria brasileira, em termos do uso de novas tecnologias. Pouca atenção tem sido dada, no entanto, à contribuição das subsidiárias estrangeiras para avanços tecnológicos mais significativos, isto é, para a geração local de novas tecnologias. Esta é uma lacuna que a tese pretende ajudar a preencher por meio da análise dos diferentes tipos de capacidades tecnológicas acumuladas localmente por estas empresas. Para isto, a partir de uma ampla revisão dos estudos sobre capacitação tecnológica, na primeira parte do trabalho é proposta uma classificação original das capacidades tecnológicas, segundo níveis de profundidade e complexidade alcançados no processo de aprendizado. Essas capacidades estão associadas a diferentes tipos de mudança técnica situados entre dois extremos, o da “imitação duplicativa” e o da “inovação” em sentido estrito. Na segunda parte da tese é desenvolvida uma metodologia para a construção de indicadores dessas capacidades a partir de dados da pesquisa de inovação da PAEP (Pesquisa da Atividade Econômica Paulista). É também realizada nesta parte um objetivo segundo objetivo, porém muito relevante, da tese que é uma crítica referente ao uso do Manual de Oslo, no qual se baseou a PAEP, em pesquisas de inovação em países em desenvolvimento. Finalmente, é realizada uma aplicação da metodologia, utilizando-se os dados da PAEP para o período 1996-98, com destaque para a comparação entre empresas multinacionais e empresas domésticas. Os principais resultados desse exercício mostram a existência de níveis razoáveis de capacidades de operação, nas quais a origem do capital não é um fator relevante de diferenciação das empresas, ao contrário do que se poderia esperar a partir daquela parcela da literatura que enfatiza a os benefícios do IDE (Investimento Direto Estrangeiro) em termos de modernização da indústria brasileira. Mostram ainda um quadro muito modesto de acumulação de capacidades tecnológicas mais avançadas, com posição de maior destaque para as empresas estrangeiras. Entretanto, essas últimas não representam um aporte expressivo para o sistema de aprendizado local e sua dianteira deve ser interpretada como uma ilustração da debilidade das empresas domésticas em termos da acumulação de capacidades tecnológicas mais complexas.

ASSUNTO(S)

investimento estrangeiro ciencia e tecnologia empresas multinacionais industria de transformação

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