Embolização da arteria renal com gel de colageno : estudo anatomo-patologico em cães

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Várias propriedades do colágeno justificam seu emprego como agente embolígeno. Trata-se de um material biologicamente compatível, pouco imunogênico e com propriedades hemostáticas. O preparado de colágeno ideal para embolização deve ter características que permitam a obstrução completa e duradoura do lúmen arterial, determinando a necrose isquêmica do tecido embolizado, com reação inflamatória local e resposta imunológica mínimas. O objetivo deste experimento foi estudar a eficácia e segurança no uso do gel de colágeno bovino purificado na embolização da artéria renal, em cães. Este preparado foi obtido a partir de colágeno do tipo I, extraído de tendões bovinos tratados por meio de técnica de alta purificação, com a finalidade de eliminarem-se as porções imunogênicas e reconstituído através de diálíse prolongada, em água destilada. Esta técnica permitiu obterse um gel com características reológicas (elasticidade e viscosidade), que visavam facilitar sua adesão ao endotélio e o preenchimento vascular completo, além de possibilitar a injeção através de cateteres de fino calibre. Dezesseis cães de raça indefinida (peso médio de 12,3 kg) foram submetidos à embolização aleatória da artéria renal, direita ou esquerda, com o gel de colágeno purificado. O rim contralateral foi submetido à infusão de solução de NaCI 0,9 %, segundo à mesma técnica cirúrgica, constituindo os controles. Os cães foram divididos em dois grupos e sacrificados após 2 dias (grupo 1) e 21 dias (grupo 2) do procedimento. As vísceras abdominais, pulmões e a musculatura das patas posteriores foram detalhadamente examinados no sacrificio, sendo colhidas amostras para o estudo anátomo-patológico. A variação do volume renal, após a embolização, foi calculada com um paquímetro estéril a partir da medida intra-operatória dos diâmetros longitudinal e ântero-posterior. A análise dos resultados foi realizada através do teste não-paramétrico de Friedman, sendo fixado em 5 % o nível de rejeição da hipótese de nulidade. No grupo -1, foram verificadas isquemia difusa do parênquima e aderências perirrenais frouxas após a embolização com gel de colágeno, sem alterações volumétricas significativas. O estudo, sob microscopia, mostrou êmbolos amorfos acidófilos e birreftingentes preenchendo o lúmen da artéria renal e prolongando-se até as arteríolas. Os glomérulos e túbulos contornados apresentavam sinais precoces de necrose difusa. Não foi identificada reação inflamatória significativa, denotando um infarto asséptico. No grupo 2, houve uma diminuição significativa (p=0,04) dos volumes dos rins embolizados com gel de colágeno, acompanhada de aumento compensatório dos volumes dos rins controle contralaterais (p=0,04). Microscopicamente, foi verificada reação proliferativa do endotélio em tomo dos êmbolos que encontravam-se intimamente aderidos à parede arterial e apresentavam sinais de proliferação fibroblástica em seu interior. O parênquima renal apresentava atrofia e hialinização glomerular difusa, acompanhadas de fibrose intersticial e fibrose tubular extensa com áreas de vacuolização. Um dos cães deste grupo apresentou refluxo, de parte do material injetado, para o rim contralateral durante a embolização, provavelmente em virtude das particularidades anatômicas do animal, que dificultaram tecnicamente o procedimento. Nos demais rinscontrole não foram encontradas alterações patológicas. Em ambos os grupos estudados, as vísceras abdominais, pulmões e a musculatura das patas posteriores de todos os animais não apresentaram sinais de migração do material. Os resultados permitiram inferir que, o gel de colágeno purificado foi eficaz na embolização da artéria renal, de acordo com os parâmetros anátomo-patológicos analisados no modelo experimental proposto. A ausência de migração de partículas de colágeno. para outras vísceras e. patas posteriores sugere que este material é seguro para o emprego na embolização de órgãos. Estes resultados podem ser explicados pelas características do preparado utilizado, tomando o gel de colágeno atraente para uso na embolização renal terapêutica

ASSUNTO(S)

angiografia rins - doenças

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