Em pacientes adultos com sequelas de hanseníase que apresentam escaras de decúbito o tratamento para estas escaras é o convencional?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Sim, o tratamento é o convencional, mas a hanseníase interfere no processo de cicatrização das úlceras, porém os profissionais da equipe multiprofissional devem estar atentos à identificação dos diversos fatores que podem interferir na cicatrização e identificar as diferenças entre a pele íntegra e a lesada destacando sempre, a importância da prevenção de traumas, ulcerações e consequentes incapacidades.

As úlceras podem ser classificadas, quanto a causa, em: cirúrgicas, não cirúrgicas; segundo o tempo de reparação, em agudas e crônicas, e, de acordo com a profundidade, em relação a extensão da parede tissular envolvida (epiderme, derme, subcutâneo e tecidos mais profundos, como músculos, tendões, ossos e outros), em graus, I, II, III e IV.

Grau I: ocorre um comprometimento da epiderme; a pele se encontra íntegra, mas apresenta sinais de hiperemia, descoloração ou endurecimento.

Grau II: ocorre a perda parcial de tecido envolvendo a epiderme ou a derme; a ulceração é superficial e se apresenta em forma de escoriação ou bolha.

Grau III: existe comprometimento da epiderme, derme e hipoderme (tecido subcutâneo).

Grau IV: comprometimento da epiderme, derme, hipoderme e tecidos mais profundos.

As orientações a seguir se fazem necessárias para realização de todo e qualquer curativo e em qualquer tipo de lesão.

O soro fisiológico sempre deve estar aquecido entre 35º e 37°C, As soluções utilizadas devem ser, preferencialmente aquecidas para evitar a redução da temperatura no leito da ferida. Uma temperatura constante de 37º C estimula a mitose durante a granulação e epitelização. Alguns autores descrevem um aumento significativo na atividade mitótica em feridas cujo curativo mantinha a temperatura próxima da temperatura corporal.

Deve-se lavar o local irrigando soro fisiológico sobre a ferida, fazer somente um furo no frasco de soro com agulha 12×30. Estudos comprovaram que a utilização da “técnica do chuveirinho” retardava a cicatrização provocando uma limpeza agressiva na ferida, dificultando assim a reconstituição dos tecidos que cobrem o leito da ferida.

A técnica de curativos pode ocasionar trauma mecânico, provocado pela limpeza agressiva (atrito com gaze, jatos líquidos com excesso de pressão), coberturas secas aderidas ao leito da ferida e/ou inadequadas que interferem no processo da cicatrização retardando a cura.

No que tange aos agentes tópicos os estudos comprovam que vários produtos estudados apresentaram melhora na cicatrização das lesões, a seguir apresentamos alguns deles e seu Grau de Evidência. Para utilização destes produtos será necessária a avaliação do profissional (em que grau a úlcera ou a ferida se encontra) condições financeiras do paciente ou dos insumos que a unidade disponha.

Grau de evidência: B

Mecanismo de ação: Mantém o leito da ferida úmida e aceleram o processo de granulação.

Indicações: Lesões abertas não infectadas. Profilaxia de úlcera de pressão

Frequência de troca: Em média 12h.

Grau de evidência: B, C

Mecanismo de ação: Alta capacidade de absorção

Indicações: Feridas com exudação abundante com ou sem infecção. Feridas cavitarias.Feridas sanguinolentas.

Frequência de troca: Mediante saturação do curativo em média com 24h.

Grau de evidência: D

Mecanismo de ação: –

Indicações: Feridas fétidas infectadas ou com grande quantidade de exudato.

Frequência de troca: Segundo a saturação em média 48h a 72h pode ser associado a outros produtos como

AGE e Alginato de cálcio.

Grau de evidência: A, B

Mecanismo de ação: Mantém o leito da ferida úmida e apresenta permeabilidade seletiva. É transparente e

aderente a superfícies secas.

Indicações: Cobertura de incisões cirúrgicas. Prevenção de úlceras de pressão. Fixação de cateteres

vasculares.

Frequência de troca: Em média a cada sete dias

Grau de evidência: B

Mecanismo de ação: –

Indicações: Feridas limpas com média e pequena quantidade de exudato. Prevenção de úlceras de pressão. Queimaduras de segundo grau.Coberturas de incisões, suturas cirúrgicas, e na fixação de tubos e drenos poderão ser utilizados hidrocolóides de espessura extrafina. Feridas cavitárias podem ser utilizadas hidrocolóides em forma de pasta ou grânulos.

Frequência de troca: Com a saturação do produto em média no quinto ou sexto dia. Neste caso o hidrocoloide adquire uma coloração mais clara e consistência menos densa.

Grau de evidência: B

Mecanismo de ação: Favorece o processo de autólise do tecido desvitalizado e a formação do tecido de

granulação

Indicações: É indicado tanto para a limpeza da ferida como para o tratamento.

Frequência de troca: Conforme a saturação do curativo e em média a cada 4 horas.

Grau A, B, C e D

A – Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência

B – Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência

C – Relatos de casos estudos não controlados

D – Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais

 

ASSUNTO(S)

cuidados de enfermagem enfermeiro a78 hanseníase e outras doenças infecciosas ne doenças transmissíveis escara de decúbito hanseníase Úlcera por pressão enfermeria hanseniase

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