Em nome da república: escolas e tradições modernas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/03/2011

RESUMO

Nossa pesquisa prioriza a análise das instituições de ensino primário na chamada Primeira República em Natal/RN, enquanto instâncias privilegiadas na formação, divulgação e criação da identidade nacional republicana e suas tradições. Assim, buscamos investigar e compreender a criação do homem novo e a invenção de novas tradições para confirmarem o status de modernidade republicana dentro de duas instituições escolares na cidade do Natal, o Colégio Americano (de iniciativa privada) e o grupo escolar modelo, Augusto Severo (pública). Temos como base de análise a História das instituições, tendo o cuidado de considerar a imitação do uso de bens culturais bem como o uso de estratégias de distinção. A noção de apropriação segue, para fins deste trabalho, seu foco de estudo na observação do emprego diverso e contrastante dos mesmos bens culturais, textos, leituras e idéias das instituições pesquisadas. Para análise das relações que ocorrem dentro do ambiente escolar, em cada período de sua história, utilizamos o conceito de cultura escolar, enquanto um conjunto de normas e práticas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a introjetar. Uma cultura que incorpora o fazer escolar, mantendo um conjunto com outras culturas religiosas, políticas e populares de seu tempo e espaço. Nesse sentido, as instituições educativas estudadas neste trabalho, ao disporem de culturas, códigos, práticas diferenciadas, singulares e específicas, constituíram-se em locais privilegiados para se darem apropriações culturais modernas, como estratégia de inovação educacional e fator de racionalidade e eficiências, observáveis e controláveis. Paulatinamente, a educação escolar moderna, se organizava ao produzir a própria sociedade. No desafio da afirmação e incorporação de diversas experiências sociais para produzir o homem republicano moderno e civilizado, a escola, como parte do social, singularizava em suas práticas, não somente o conjunto de reformas, decretos, leis e projetos, mas expressões de concepções de sociedade e vida no plano material, simbólico e cultural, no contexto social em modernização. Detemo-nos nessas duas instituições porque dentro do diverso estado material e cultural da cidade foram as primeiras escolas republicanas que objetivavam homogeneizar culturalmente homens e mulheres na perspectiva de adequá-los ao movimento da modernidade para fazê-los civilizados/educados/racionais. Sobre esse prisma convém destacar que essa reinvenção necessita de uma afirmação como nova forma escolar através da produção de novos espaços, práticas, ritos e símbolos escolares, produzindo e expressando uma nova identidade, o moderno, contrário aos símbolos ultrapassados do Império. Para tanto, nada melhor do que a organização da instrução escolar, com ênfase na formação do indivíduo, e suas responsabilidades com a ordem e o progresso. É entendermos o passado como resultado dos conflitos, com suas potencialidades e limites dentro do contexto histórico e social e a invenção de tradições enquanto processo de formalização e ritualização de atos que se quer perpetuar como referência de identidade a um grupo. São essas práticas e as representações sócio-educativas que favoreceram a compreensão das idéias pedagógico-educacionais nesse momento histórico, destinadas a formar um novo modo de ser e fazer no universo republicano

ASSUNTO(S)

história da educação colégio americano grupo escolar modelo tradição república educacao history of education american college model elementary school tradition and the republic

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