Em busca do "não lugar": a linguagem mística de Plotino, Jâmblico e Damáscio à luz do "Parmênides" de Platão

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta tese de doutorado busca encontrar o Não-lugar, ponto de partida e de chegada a partir do qual escreveram os filósofos neoplatônicos Plotino, Jâmblico e Damáscio, ao se depararem com a Presença Inefável Daquele que nos atrai com o seu Silêncio e que, ao invés de se calarem, tornam-se loquazes indicadores do que se esconde por trás do que é dito e que linguagem alguma consegue contemplar sem trair a si própria. Começaremos por investigar, na primeira parte deste estudo, a linguagem catafática e apofática de Plotino (1 e 2 Capítulos, respectivamente) a partir da exegese do Parmênides de Platão, especialmente a primeira hipótese. A partir do Um de Plotino vislumbraremos o aspecto enigmático da linguagem mística até entendermos, com Plotino, tratar-se de outra maneira de ver aquela de quem contempla o mais alto e que a linguagem mística alude através de recursos gramaticais, tais como os advérbios de lugar e superlativos, e que se concretizam através da linguagem do Amor, cuja brecha abre fendas por meio das quais nos comunicamos, o que é possível por meio de imagens, metáforas e analogias até sermos forçados a utilizar a linguagem negativa, apofática e afairética. O Parmênides de Platão, como um divisor de águas, aproximou - à distância - as perspectivas de nossos interlocutores tecendo uma trama invisível, a mesma que vislumbrávamos existir desde o início, mas que desconhecíamos o nome, que veio a se revelar a nós de modo simples e instantâneo, porque estava ali presente, em cada um deles, à sua maneira. Na segunda parte deste estudo trabalharemos a linguagem da Transcendência. A maneira muito particular como cada um deles desenvolveu um corpo filosófico próprio, a partir das hipóteses do Parmênides, revela aquilo mesmo que o diálogo pretende suscitar: o percurso ascético tanto do discípulo (para Plotino) quanto do peregrino (para Jâmblico). Em seu limite, a aporia realiza, no discurso de Damáscio (3 capítulo), uma inversão, por meio da qual a linguagem se contorce e inverte até a mais completa exaustão quando, abandonando tudo o que havíamos agregado ao pensar, nos encontramos sós e diante de nosso nada. Sem mais nada, diante do abismo, neste instante, arremeçados adiante porque ainda não havíamos encontrado o Não-lugar encontramos Jâmblico (4 capítulo), que nos brinda com a possibilidade de retorno, não mais através de nossos esforços, mas, inspirado pelos Oráculos Caldáicos, na teurgia como complemento da filosofia e não em oposição à mesma, tendo ido até o extremo em que esta pode nos conduzir, no diálogo com o Parmênides de Platão, promove uma mudança do paradigma parmenideano de Platão, revelando aquilo que lhe coube trazer à luz e que estava antes encoberto, o que só o instante pode revelar

ASSUNTO(S)

neoplatonism the parmenides mística mysticism neoplatonismo teologia o parmênides o não-lugar dynamis o inefável no-where dynamis the ineffable

Documentos Relacionados