Eficácia de um programa de educação em saude e sentidos e significados atribuídos ao Diabetes Mellitus e aos cuidados com os pés por pacientes em risco

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Diabetes mellitus é um grande problema de saúde pública em todo o mundo. Dentre as complicações enfrentadas por sujeitos diabéticos, uma das mais freqüentes e incapacitantes é a síndrome do pé diabético que é a causa de ulcerações nos pés e amputações dos membros inferiores destes pacientes. A prevenção destes problemas é uma meta mundial. Neste sentido, os programas de cuidados com os pés, apresentam-se como possibilidade terapêutica. São objetivos deste estudo: a) avaliar a eficácia preventiva de um programa de educação para diabéticos em risco de ulceração e amputação em membros inferiores e b) investigar quais os sentidos e significados da doença Diabetes Mellitus para o paciente e seus familiares e como estes sentidos e significados podem interferir no resultado de um programa educativo para prevenção de problemas da síndrome do pé diabético. Foram estudados 53 diabéticos com risco de lesão nos pés. Foi utilizada tanto uma abordagem quantitativa, quanto qualitativa. A primeira, realizada através de um ensaio clínico randomizado, serviu para medir a eficácia de um programa de educação em saúde. A segunda, o modelo clínico-qualitativo, permitiu compreender os sentidos e os significados que os pacientes e seus familiares atribuiam ao Diabetes Mellitus e aos cuidados com os pés. No que se refere à ocorrência de lesão nos pés entre os grupos comparados, não houve diferença significativa. A incidência de lesão no grupo de intervenção foi de 38,1% contra 57,1% no grupo controle. Dos pacientes que apresentaram recorrência de lesão 83,3% pertenciam ao grupo controle contra 16,7% do grupo de intervenção, diferença estatisticamente não significativa (p = 0,119). Na tábua de vida para o tempo de ocorrência de lesão, ao final de 1 ano de estudo, pacientes do grupo de intervenção mostraram 75% de probabilidade de se encontrarem sem lesão contra 61% do grupo controle. Há uma tendência de menos tempo de sobrevida entre os pacientes do grupo controle, embora o teste para comparação das curvas não forneça um resultado significativo estatisticamente (p = 0,362). Na escuta da vivência dos sujeitos ficou claro que cada um mergulhou, de seu jeito, na doença, com o seu próprio saber, seus desejos, ali imersos, tentando sobreviver à um mal cuja gestão é complexa, vitalícia e traz muitas perdas. As narrativas mostraram que por trás do doente existe um universo de interações por meio do qual os sujeitos conversam sobre si, com seus cuidadores, sobre o cuidados a serem adotados.Diferenças entre os grupos na prevenção da ocorrência e recorrência de lesões não foi estatisticamente significativa. Contudo, este resultado deve ser interpretado com cuidado. O ensaio clínico pode não o melhor delineamento para medir a eficácia de programas educativos para pacientes. A prevenção das complicações para pessoas diabéticas com risco de lesão nos pés é um processo complexo e multifatorial assim como a doença e sua gestão. As respostas aos problemas criados pelo Diabetes Mellitus constituem-se socialmente e remetem a um mundo de praticas, crenças e valores. Os filtros cognitivos, sociais e afetivos dos sujeitos pacientes devem ser considerados na elaboração dos programas de cuidados para a saúde, pois determinam a forma como estes recebem e processam informações. O conhecimento do diagnóstico de Diabetes Mellitus provoca uma reorganização na vida não só do paciente como também de seus familiares. Muitos pacientes necessitam da ajuda de terceiros para realizar os cuidados com os pés. Portanto, a educação terapêutica deve dirigir-se também aos familiares/cuidadores. De uma visão fragmentada do sujeito chegamos a uma dimensão mais complexa. Do cuidado dos pés ao sujeito em sua plenitude, lutando para sobreviver apesar das adversidades que a vida lhes prega.

ASSUNTO(S)

educação  saúde  teses diabetes teses doenças  tratamento 

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