Effect of urea in the diet on reproductive characteristics and progesterone and metabolic concentration in the Alpine goats breed / Efeito de uréia na dieta sobre características reprodutivas e concentração de progesterona e metabólitos em cabras da raça Alpina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O primeiro experimento teve como objetivo avaliar o efeito do fornecimento de concentrações crescentes de uréia nas dietas de cabras da raça Alpina sobre a dinâmica folicular ovariana e a concentração de uréia, glicose e progesterona no plasma. Foram utilizadas 29 cabras, distribuídas aleatoriamente em quatro tratamentos, que receberam 0,0% (T1 Controle, n=7); 0,73% (T2, n=7); 1,46% (T3, n=7); e 2,24% (T4, n=8) de uréia na matéria seca (MS) da dieta. A dinâmica folicular ovariana foi monitorada diariamente durante um, dois ou três períodos interovulatórios consecutivos. As concentrações de uréia e de glicose no plasma foram analisadas semanalmente. A concentração de progesterona plasmática foi analisada no dia do estro (dia 0) e nos dias três, sete, 11, 15 e 19 após o estro nas cabras que manifestaram ciclos estrais de duração normal (17 a 25 dias). Análises adicionais de progesterona plasmática no 25 dia após o estro e a intervalos semanais após o 25 dia foram realizadas nas cabras que manifestaram ciclos estrais de duração longa (>25 dias). Nas que apresentaram ciclos estrais de duração curta (<17 dias), a concentração de progesterona plasmática foi analisada no dia do estro e nos dias três e sete após o estro. Foram observados 28 (59,57%) ciclos estrais de duração normal, sete (14,89%) de duração curta e 12 (25,53%) de duração longa. Os ciclos estrais de duração curta tiveram 6,14(0,69 dias e uma única onda folicular. Os de duração longa tiveram entre 26 e 79 dias, com duas a nove ondas foliculares. Nos ciclos estrais de duração normal ocorreram duas (n=6), três (n=13), quatro (n=8) ou cinco ondas foliculares (n=1). Nas cabras com duas ondas foliculares, o dia de emergência (P<0,05) da primeira onda folicular, o comprimento (P<0,06) da primeira onda folicular e o dia de emergência do maior folículo da primeira onda folicular (P<0,05) apresentaram comportamento quadrático em função da concentração de uréia nas dietas. Nas cabras com três ondas foliculares, observou-se que o comprimento da terceira onda (P<0,01), o diâmetro máximo do maior folículo da terceira onda (P<0,01) e o número de ovulações (P<0,06) apresentaram comportamento quadrático em função da concentração de uréia nas dietas. Em relação às cabras com quatro ondas foliculares, observou-se que o dia de emergência da terceira onda (P<0,05) e o dia de emergência do maior folículo da terceira onda (P<0,06) reduziram inearmente em função da concentração de uréia nas dietas, enquanto o diâmetro do segundo maior folículo da primeira (P<0,05) e da quarta (P<0,01) ondas foliculares aumentou linearmente em função da concentração de uréia nas dietas. Os períodos interestro e interovulatório, a duração das fases lútea e folicular e as demais características da dinâmica folicular ovariana não foram influenciados pela concentração de uréia nas dietas. As concentrações de uréia e de glicose no plasma não diferiram entre os animais dos tratamentos e nem entre as semanas de coleta. Observou-se comportamento quadrático da concentração de progesterona plasmática no dia do estro e no dia 11 após, em função da concentração de uréia nas dietas. No dia 15 após o estro, a concentração deste hormônio reduziu linearmente à medida que a concentração de uréia nas dietas aumentou. No segundo experimento, avaliou-se o efeito das mesmas concentrações de uréia testadas no primeiro experimento sobre o número, a qualidade e o estádio de desenvolvimento embrionário e sobre a concentração de uréia e de glicose no plasma, no dia do estro e no da coleta dos embriões. Vinte e duas cabras da raça Alpina foram superovuladas e os embriões foram coletados pela técnica transcervical entre o sétimo e o oitavo dia após a primeira cobertura. Dezoito (81,82%) cabras manifestaram estro após a sincronização. A duração do estro e o intervalo remoção da esponja-início do estro não foram influenciados (P>0,05) pelos tratamentos. Quatorze cabras (77,77%) responderam à superovulação. Os números de estruturas e de embriões não diferiram (P>0,05) entre os tratamentos, sendo representados pelas equações ipisilon = 9,64 e ipisilon = 8,50, respectivamente. O número (P<0,10) e a percentagem (P<0,07) de embriões viáveis e o número (P<0,08) e a percentagem (P<0,05) de embriões excelentes e bons apresentaram comportamento quadrático em função da concentração de uréia nas dietas. Com exceção de um embrião de quatro células, os demais foram coletados em estádio de desenvolvimento compatível com o esperado. A concentração de uréia no plasma, antes e quatro horas após a alimentação, nos dias do estro e da coleta dos embriões, não foi influenciada (P>0,05) pelos tratamentos. No dia do estro, a concentração de glicose no plasma, antes da alimentação, aumentou linearmente com o aumento da concentração de uréia nas dietas (P<0,05). A concentração de glicose no plasma após a alimentação, no dia do estro e antes e após a alimentação no dia da coleta dos embriões não diferiu (P>0,05) entre os animais dos tratamentos. No terceiro experimento, dois blastocistos expandidos de grau I do tratamento T1, quatro blastocistos expandidos de grau I de cada um dos tratamentos T2 e T4 e três blastocistos expandidos de graus I (n=1) e II (n=2) do tratamento T3 foram submetidos à análise ultra-estrutural. Nos embriões do tratamento T1 foram observados: células trofoblásticas (CT) achatadas, pouco eletrondensas, polarizadas e com abundantes microvilosidades na sua superfície apical; citoplasma com inclusões lipídicas associadas às mitocôndrias maduras ou imaturas; complexos juncionais bem desenvolvidos entre as CTs; espaço perivitelínico (EPV) estreito e preenchido pelas microvilosidades das CTs; e baixa ocorrência de material extrudado em degeneração no EPV. Nos embriões do tratamento T1 as células da massa celular interna (MCI) não foram identificadas. A ultra-estrutura das CTs dos embriões coletados das cabras do tratamento T2 foi similar àquela observada nos embriões do tratamento T1, exceto pela presença de estruturas muito eletrondensas em contato com a zona pelúcida (ZP); poucos filamentos de actina e intermediários e maior ocorrência de fagossomos no citoplasma. As células da MCI, nos embriões do tratamento T2, apresentaram-se mais eletrondensas quando comparadas às CTs e, no seu citoplasma, foram verificadas organelas similares àquelas observadas nas CTs, vacúolos contendo material eletrondenso e corpos residuais. No interior de algumas células da MCI foram observados grandes vacúolos contendo células em processo de degeneração. O contato entre as células da MCI e as da MCI com as CTs ocorreu em pontos específicos, por aposição de suas membranas. Um dos embriões do tratamento T3 apresentou ultra-estrutura similar àquelas dos embriões dos tratamentos T1 e T2, exceto pela disposição das organelas e dos filamentos de actina e intermediários no citoplasma das CTs e pela maior ocorrência de vacúolos autofágicos e de figuras mielínicas. Os outros dois embriões do tratamento T3 apresentaram intensa modificação morfológica da célula: as CTs apresentaram aspecto globular com poucas microvilosidades, ou apresentaram-se como porções citoplasmáticas muito delgadas, desprovidas de microvilosidades; no citoplasma foram observados muitos vacúolos, fagossomos, inclusões lipídicas e poucas organelas e elementos do citoesqueleto; o EPV mostrou-se dilatado, com fragmentos celulares e blastômeros extrudados e, na blastocele, foram observados fragmentos celulares. Em um dos embriões do tratamento T3 os espaços entre as células apresentaram-se aumentados. As células em degeneração foram mais comuns no epitélio trofoblástico nos embriões do tratamento T3. Todos os embriões coletados das cabras do tratamento T4 foram perdidos durante o processamento para a microscopia. Os resultados sugerem diferenças ultraestruturais entre os embriões coletados das cabras do tratamento-controle e os das suplementadas com 0,73% e 1,46% de uréia na dieta, principalmente com relação ao aumento de estruturas morfológicas relacionadas com processos de reorganização e/ou degeneração celular.

ASSUNTO(S)

cabra embrio ovarian follicular dynamics microscopia eletrônica de transmissão reproducao animal electronic transmission microscopy goat urea embrião uréia dinâmica folicular ovariana

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