Efetividade do clareamento dentário com peróxido de carbamida a 10% e avaliação dos efeitos adversos sobre o esmalte dentário

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente estudo objetivou avaliar a efetividade e os efeitos adversos sobre o esmalte dentário promovidos pelo clareamento caseiro supervisionado pelo dentista com peróxido de carbamida a 10% e só foi possível mediante a interação de alguns pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento como a Odontologia, a Engenharia de Materiais e a Física. Cinqüenta voluntários participaram de um ensaio clínico controlado e randomizado duplo-cego e foram alocados em um grupo experimental, que utilizou Opalescence PF 10% (OPA) e um grupo controle que usou um gel placebo (PLA). Fragmentos de esmalte dentário humano provenientes da face vestibular de pré-molares hígidos, extraídos por motivos ortodônticos, foram fixados à superfície vestibular dos primeiros molares superiores dos voluntários objetivando uma observação in situ. O tempo do clareamento foi de 21 dias em regime noturno. Os períodos de observação compreenderam a Linha Base (LB), T0 (21 dias), T30 (30 dias após o tratamento) e T180 (180 dias após o tratamento) sendo este último apenas para o grupo OPA. A avaliação da cor dos dentes foi feita pela comparação com a escala Vita e através do grau de satisfação do voluntário em relação ao tratamento. Adicionalmente, avaliaram-se os efeitos clínicos adversos, sensibilidade dentária e sangramento gengival. O estudo dos efeitos adversos ao esmalte dentário foi realizado in vivo e in situ, através da fluorescência a laser com o uso do DIAGNOdent, objetivando detectar perdas de mineral. Foram empregadas ainda, a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), para verificar alterações morfológicas superficiais, a Espectrometria de Energia Dispersiva (EDS), para avaliar semiquantitativamente a composição química através do ratio Ca/P, e a técnica de Difração de Raio-X (DRX) com a finalidade de observar alterações na microestrutura do esmalte. Os resultados revelaram ser a técnica de clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10% efetiva em 96% dos casos, contra 8% do grupo PLA, apresentando 36% (9/25) de sensibilidade dentária. Não houve associação significativa entre a presença de sangramento gengival e o tipo de gel utilizado (p=1,00). A análise da fluorescência a laser in vivo não revelou diferença nos valores para o grupo controle, enquanto no grupo OPA houve diferença estatisticamente significativa entre os valores da linha base em relação aos períodos subseqüentes (p<0,01), com valores médios menores nos tempos pós-clareamento. Entre os grupos, houve diferença significativa nos períodos T0 e T30. A avaliação das micrografias não revelou alterações na superfície do esmalte que possam ser relacionadas ao tratamento realizado. Nenhuma alteração significativa na proporção Ca/P foi observada no grupo OPA (p=0,624) nem no grupo PLA (p=0,462) para cada um dos períodos de observação, nem entre os grupos estudados (p=0,102). O padrão da DRX para todos os grupos evidenciou a presença de três fases relativas à hidroxiapatita de acordo com os arquivos JCPDS (9-0432[Ca5(PO4)3(OH)], 18- 0303[Ca3(PO4)2.xH2O] e 25-0166[Ca5(PO4)3(OH,Cl,F)]). Nenhum outro pico associado a outras fases foi encontrado, independente do grupo analisado, o que revela não ter havido desaparecimento, nucleação ou transformação de fases. Pode-se constatar ainda que não houve alteração no padrão dos picos em relação à localização dos mesmos. Através da metodologia empregada neste estudo, pode-se concluir que o clareamento caseiro supervisionado pelo dentista com peróxido de carbamida a 10%, dentro do protocolo aqui utilizado, se mostrou um procedimento efetivo e seguro para o esmalte dentário

ASSUNTO(S)

esmalte dentário odontologia clinical trial ensaio clínico of tooth whitening clareamento de dente dental enamel

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