Efetividade da ingestão dos graõs integrais na prevenção do câncer colorretal: revisão sistemática de estudos de coorte com metanálise

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Estudos epidemiológicos indicam uma possível associação da ingestão de grãos integrais com a redução do risco de doenças cardíacas, diabetes e proteção em alguns tipos de câncer. Recentemente, diversos trabalhos foram conduzidos objetivando elucidar os efeitos e possíveis mecanismos atrelados ao consumo de grãos integrais e alimentos derivados. Com base em resultados promissores, a comunidade científica internacional recomenda a ingestão de 30 g/dia de grãos integrais, a qual seria adequada para a prevenção dessas doenças. Existem evidências de que a alimentação tem um papel importante nos estágios de iniciação, promoção e propagação do câncer. Entre as mortes por câncer atribuídas a fatores ambientais, a dieta contribui com cerca de 35%, seguida pelo tabaco (30%) e de fatores variados, como condições e tipo de trabalho, álcool e poluição (menos de 5% do total). Acredita-se que uma dieta adequada poderia prevenir de três a quatro milhões de novos casos de cânceres a cada ano. Os mecanismos de ação dos grãos integrais envolvidos na prevenção do câncer colorretal (CCR) têm sido estudados, e pesquisas em humanos apresentam uma tendência positiva, o que incentiva a ingestão dos grãos integrais como uma forma de prevenção dessa doença. No Capítulo I, o objetivo foi avaliar a associação entre ingestão de grãos integrais na prevenção do CCR. Foi realizada uma revisão sistemática com metanálise, e os resultados foram analisados pelo programa RevMan 4.2.8. Foram incluídos 11 estudos epidemiológicos de coorte, com a participação de 1.719.590 pessoas na faixa etária de 25 a 76 anos, tendo 7.745 destes desenvolvido CCR (0,45%). O período de acompanhamento dos estudos variou de 6 anos a 16 anos. O risco relativo (RR) multivariado foi calculado com o modelo proporcional de Cox. O resultado da prevenção de desenvolver CCR no maior quintile acumulado dos estudos (grupo com maior ingestão de grãos integrais) foi de 6%, com RR 0,94 (IC 95%, 0,85 a 1,03), e para o menor quintile (grupo com menor ingestão de grãos integrais) a prevenção foi de 4%, RR 0,96 (IC 95%, 0,88 a 1,04). Concluiu-se que existiu maior prevenção do CCR no grupo que ingeriu maior quantidade de grãos integrais quando comparado ao grupo que ingeriu menor quantidade de grãos integrais considerando a população estudada. O Capítulo II refere-se ao documento encaminhado à ANVISA e registrado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em forma de alegação à saúde sobre os benefícios do consumo dos grãos integrais. Nos EUA, o Food and Drug Administration (FDA) autorizou uma reivindicação de saúde (alegação) no dia 8 de julho 1999, que permitiu as companhias de alimento promover os benefícios dos grãos integrais para doenças cardíacas e prevenção do câncer com base em declarações autorizadas de um corpo científico federal. Em fevereiro de 2002, na Europa, o Joint Health Claims Initiative (JHCI), comitê perito e o conselho publicaram seus resultados numa reivindicação de saúde, para grãos integrais e saúde de coração. Os critérios para a aprovação dessa alegação seguiram os parâmetros utilizados pelo FDA, incluindo rigorosa análise das evidências científicas existentes. No Brasil, ainda não há regulamentação a respeito do teor mínimo de farinha e/ou grãos em alimentos integrais, de forma que os encontrados no mercado podem apresentar baixas concentrações de ingredientes integrais e, conseqüentemente, teores de fibras alimentares demasiadamente baixos. O objetivo foi relatar as evidências científicas mais importantes que respaldam os benefícios advindos do consumo de alimentos integrais. Os estudos aqui apresentados foram selecionados e divididos de acordo com sua relevância e apresentados conforme o tipo de doença associada (cardiovasculares, diabetes melito e câncer colorretal).

ASSUNTO(S)

ciência dos alimentos doenças cardiovasculares - prevenção cancer - prevenção ciencia de alimentos diabetes melittus - prevenção cereais como alimento - consumo - efeito fisiológico

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