EFEITOS DO TABAGISMO PASSIVO NA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA DE ESCOLARES / Effects of passive smoking on lung function in schoolchildren.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/12/2011

RESUMO

O tabagismo passivo causa mais de 600 mil óbitos por ano no mundo, sendo 27,5% destas mortes de crianças. Refere-se à exposição secundária a qualquer substância fumígera proveniente de um fumante. Os fumantes passivos podem absorver até um sexto da quantidade de fumaça absorvida por um fumante ativo, trazendo inúmeros prejuízos para seu sistema respiratório. Para diversos grupos da sociedade particularmente as crianças, a exposição ao tabaco ambiental é quase impossível de ser evitada, uma vez que os pais fumam em casa. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do tabagismo passivo na função pulmonar de escolares. Para isto foi realizada uma pesquisa do tipo caso controle com alunos de escolas municipais e estaduais da cidade de Anápolis/GO. Foi aplicado um questionário aos pais, sobre os antecedentes familiares e da criança, presença de sintomas e doenças respiratórias, condições de moradia e hábitos tabágicos. Em seguida, realizada a avaliação da função pulmonar por meio da espirometria. Observou-se menor peso ao nascimento (p=0,04), maior frequência de tabagismo gestacional (p=0,001) e de doenças respiratórias em familiares (p=0,04), entre os escolares tabagistas passivos em relação aos não tabagistas. O nível mais baixo de escolaridade dos pais (p=0,003) e a presença de doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite e pneumonia (p=0,03), assim como a presença de sintomas, como chiado no peito (p=0,01) e tosse (p=0,001) foi significativamente maior entre os tabagistas passivos. No que diz respeito aos hábitos tabágicos familiares, do total de escolares tabagistas passivos, 66,2% apresentavam registro de um familiar fumante, sendo o pai (42,3%) o principal responsável pelo hábito. No que diz respeito à convivência diária, tempo de exposição e quantidade de cigarros fumados por dia, a frequência maior foi de um tempo de exposição diária de menos de 6 horas/dia (39,4%), sendo o convívio das crianças com os fumantes, maior que 10 anos (63,4%) e o número de cigarros fumados por dia pelo agregado familiar, entre 10 e 20 anos (54,9%). Na avaliação da função pulmonar, observou-se uma redução ligeiramente maior das variáveis, CVF de -0,37L/min. (-15,41%), do VEF1 de -0,14L/min. (-6,69%) e do PEF de -0,93 L/min. (-19,78%) nos escolares tabagistas passivos. Entre os não tabagistas, a redução da CVF foi de -0,23 L/min. (-9,95%), do VEF1 de - 0,05 L/min. (-2,97%) e do PEF de -0,77 L/min. (-14,44%). Ressalta-se também maior frequência de valores abaixo da normalidade, para o VEF1 (p=0,04) e para o PEF (p=0,03), quando analisados de forma independente, entre os escolares tabagistas passivos, além disso, este grupo apresentou correlação negativa significativa entre as variáveis espirométricas, CVF medida (r=-0,30; p=0,02), CVF porcentagem do predito (r=0,33; p=0,01) e do VEF1 (r=-0,29; p=0,03) com o tempo de convívio diário com a exposição tabágica domiciliar. Diante disto, percebe-se que o fumo passivo provoca impactos negativos no sistema respiratório infantil. Sugere-se então o desenvolvimento de estratégias que envolvam os pais, seja no âmbito escolar ou nas unidades de saúde, no sentido de minimizar a exposição ao fumo passivo e suas repercussões.

ASSUNTO(S)

criança poluição por fumaça de tabaco espirometria ciencias da saude child tobbaco smoke pollution spirometry

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