Efeitos do arsênio sobre as atividades ectonucleotidásicas e parâmetros comportamentais em peixe zebra (Danio rerio)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O peixe zebra é um pequeno teleósteo que vem sendo considerado um modelo ideal para estudos de numerosas doenças humanas. Estudos demonstraram que muitos genes deste peixe são similares ao de mamíferos, inclusive humanos. Evidências têm indicado o importante papel desempenhado pelo ATP e a adenosina no sistema nervoso central (SNC). O neurotransmissor ATP é armazenado de forma vesicular e liberado na fenda sináptica, onde pode agir em receptores específicos localizados na membrana celular. A inativação do sinal mediado pelo ATP extracelular é realizada por uma família de enzimas denominadas ectonucleotidases, incluindo as NTPDases (nucleosídeo trifosfato difosfoidrolases) e a ecto-5-nucleotidase. Estas enzimas são responsáveis pelo catabolismo extracelular do neurotransmissor ATP até adenosina. Estudos do nosso laboratório demonstraram a presença de ectonucleotidases como as NTPDases e a ecto-5-nucleotidase no SNC de zebrafish. O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito in vivo da exposição subcrônica (96 horas) ao arsênio sobre a atividade das NTPDases e ecto-5- nucleotidase em cérebro de peixe zebra, além de avaliar as alterações comportamentais induzidas pelo arsênio nesta espécie. Quanto aos parâmetros comportamentais, houve uma diminuição na atividade locomotora de animais submetidos a 5 mg/L de arsênio (30,5%) quando comparado com o grupo controle, sendo que não houve alteração na distância percorrida durante 5 minutos de análise. Durante 5 minutos de avaliação comportamental, não foram observadas alterações na velocidade média e no ângulo do nado dos peixes em todas as concentrações testadas de arsênio (0,05 mg/L, 5 mg/L e 15 mg/L). O tempo gasto no terço superior do tanque não foi alterado entre os grupos testados com diferentes concentrações de arsênio. O tempo gasto na zona média do tanque diminuiu significativamente nas concentrações de 0,05 mg/L (55%), 5 mg/L (62%) e 15 mg/L (62%) quando comparado ao grupo controle. Além disso, o tempo gasto na zona inferior foi significativamente maior (28%) apenas no grupo tratado com 5 mg/L arsênio quando comparado ao controle. Houve uma diminuição significativa na hidrólise de ATP na presença de 0,05 mg/L (37,6%), 5 mg/L (34,8%) e 15 mg/L (30,6%) de arsênio quando comparado ao controle. O efeito inibitório também foi observado sobre a hidrólise do ADP nas concentrações de 0,05 mg/L (25%), 5 mg/L (38%) e 15 mg/L (41%) quando comparado ao controle. Com relação a atividade da 5-nucleotidase, uma redução na hidrólise do AMP foi promovida pelo arsênio nas concentrações de 50 mg/L (37,7%), 5 mg/L (26,7%) e 15 mg/L (35 %). Os resultados demonstraram que as alterações sobre ectonucleotidases após tratamentos com arsênio podem ser um dos fatores envolvidos nos efeitos neurotóxicos e comportamentais induzidos por este contaminante no sistema nervoso central.

ASSUNTO(S)

atividades motoras animais - experiÊncias biologia geral teleÓsteos biologia celular sistema nervoso central substÂncias tÓxicas peixes

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