Efeitos de um programa de cuidados paliativos nas tendências de utilização da unidade de terapia intensiva e ordens de não reanimar durante hospitalizações terminais. Análise de séries temporais interrompidas

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. ter. intensiva

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/09/2018

RESUMO

RESUMO Objetivo: Avaliar os efeitos da implantação de um programa de cuidados paliativos no estabelecimento de ordens de não reanimar e na utilização da unidade de terapia intensiva em hospitalizações terminais. Método: Os dados de todos os pacientes que faleceram em um hospital terciário brasileiro, entre maio de 2014 e setembro de 2016, foram coletados de forma retrospectiva. Analisamos a frequência do estabelecimento de ordens de não reanimar e de admissões à unidade de terapia intensiva entre os casos de óbito hospitalar. Utilizou-se análise de séries temporais interrompidas para avaliar as diferenças, em termos de tendências de estabelecimento de ordens de não reanimar e de admissões à unidade de terapia intensiva antes (15 meses) e após (12 meses) a implantação do programa de cuidados paliativos. Resultados: Analisamos um total de 48.372 admissões ao hospital, dentre as quais 1.071 óbitos no hospital. Os óbitos foram precedidos de ordens de não reanimar em 276 (25,8%) casos e ocorreram admissões à unidade de terapia intensiva em 814 (76%) casos. O estabelecimento de ordens de não reanimar aumentou de 125 (20,4%) para 151 (33%) casos, na comparação entre os períodos antes e após a implantação do programa de cuidados paliativos (p < 0,001). Ocorreram admissões à unidade de terapia intensiva em 469 (76,5%) e 345 (75,3%) dos casos, respectivamente, nos períodos pré e após a implantação do programa de cuidados paliativos (p = 0,654). A análise de séries temporais confirmou tendência ao aumento do estabelecimento de ordens de não reanimar de 0,5% por mês antes da implantação para 2,9% ao mês após a implantação (p < 0,001), demonstrando-se tendência à diminuição de utilização da unidade de terapia intensiva, de uma tendência a aumento de 0,6% ao mês, antes da implantação do programa, para diminuição de -0,9% ao mês no período, após a implantação (p = 0,001). Conclusão: A implantação de um programa de cuidados paliativos se associou com tendência ao aumento no estabelecimento de ordens de não reanimar e à diminuição do uso da unidade de terapia intensiva durante hospitalizações terminais.

ASSUNTO(S)

cuidados paliativos ordens de reanimação planejamento de assistência ao paciente análise de séries temporais interrompida unidades de terapia intensiva

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