Efeitos de pertubações naturais e antrópicas sobre as associações de crustáceos decápodos infralitorais no Estuário do Rio Itajaí-Açu, SC, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/07/2012

RESUMO

Os estuários e as associações de crustáceos decápodos que habitam esses ecossistemas apresentam grande importância ecológica e econômica. O estuário do rio Itajaí-Açu, abriga dois grandes portos em Itajaí e Navegantes e está sujeito a muitos impactos de origem antrópica, como por exemplo, as dragagens e também eventos naturais extremos, como as enchentes. Duas enchentes de grandes proporções atingiram a região, em novembro de 2008 e setembro de 2011, e ainda não se sabe ao certo quais foram os impactos desse evento sobre a fauna estuarina. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar os efeitos de perturbações naturais e antrópicas sobre a estrutura e a dinâmica das associações de crustáceos decápodos infralitorais do estuário do rio Itajaí- Açu. Para isso, foram selecionados seis pontos amostrais distribuídos entre a foz deste estuário e o meandro a montante do rio Itajaí-Mirim. Foram realizadas coletas mensais desde maio de 2008 até novembro de 2011, com arrasto de fundo. Parâmetros físicoquímicos também foram coletados utilizando uma sonda. Os camarões e siris foram identificados, medidos e pesados. Foram utilizadas análises descritivas e estatísticas multivariadas sobre os dados padronizados. Ao longo do estudo ocorreram dragagens de aprofundamento que aumentaram a profundidade do canal nos pontos mais externos de 10 para 14 metros. A vazão do rio Itajaí-Açu nos dias anteriores a coleta explicaram a variabilidade da salinidade, pH e oxigênio dissolvido na água de fundo do estuário. No total foram encontradas 20 espécies ou morfotipos distintos de decápodos, sendo que apenas seis contribuíram juntos com mais de 95% do número total de indivíduos capturados. Em todos os anos foi capturada uma maior quantidade de indivíduos da família Portunidae, chegando a 91% em 2008, sobretudo nos pontos intermediários do estudo. As outras duas famílias com contribuição relevante foram Penaeidae e Palemonidae. O MDS (técnica de escalonamento multidimensional não-métrico) e a ANOSIM (análise de similaridade) possibilitaram a separação do estuário em dois setores, A e B, sendo o primeiro a parte mais a juzante onde ocorre a circulação de grandes navios e as dragagens. A temperatura e a salinidade foram as principais variáveis que afetaram a distribuição dos decápodos. Logo após as enchentes foram observadas baixas abundâncias, provavelmente em função do efeito agudo desse tipo de evento extremo sobre a fauna. Entretanto, de 3 a 4 meses após a enchente de 2008 houve a recuperação da assembleia de decápodos, ressaltando a elevada resiliência desse grupo de organismos após grandes distúrbios. As dragagens podem estar afetando principalmente as espécies dominantes, mas esses efeitos são difíceis de confirmar devido ao elevado número de outros fatores que podem ter proporcionado as alterações sobre os crustáceos

ASSUNTO(S)

dragagem enchente macrocrustáceos resiliência oceanografia ecossistemas dredging flood macrocrustaceans resilience

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