Efeitos de borda e mecanismos de sucessão em comunidades do mediolitoral no litoral norte do Estado de São Paulo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Em comunidades de costões rochosos, a diversidade pode ser mantida através de perturbações que limitam a dominância por algumas espécies. Assim, estas comunidades se caracterizam por um mosaico de clareiras em diferentes estágios de sucessão, resultantes de diversos agentes de natureza biótica e abiótica. A dinâmica da sucessão pode ser influenciada por fatores como a freqüência, intensidade e distribuição temporal das perturbações, além dos processos que ocorrem após a abertura das clareiras, como mortalidade diferencial pós-colonização e ação de herbívoros e predadores. O objetivo deste projeto foi analisar os principais fatores que influenciam a sucessão em comunidades de mediolitoral superior de costões rochosos no litoral norte do Estado de São Paulo. Para tanto. realizou-se uma série de experimentos e observações em costões localizados nas praias da Barra. Lázaro e Lagoinha, município de Ubatuba. Os principais aspectos investigados relacionam-se aos efeitos de borda, visando compreender a influência que diferentes formatos e tamanhos de clareiras exercem sobre a sucessão, usando-se clareiras experimentais raspadas em meio ao banco de mexilhões presente nos locais de coleta. Foram estudados também os mecanismos de fechamento de clareiras a partir da comunidade de mexilhões preexistente, assim como o papel desempenhado pela espécie pioneira e pelos herbívoros na taxa de sucessão. Não foram verificadas diferenças na trajetória de sucessão em clareiras de diferentes formatos. A colonização pela espécie pioneira Chthamalus bisinuatus foi maior em clareiras grandes. O recrutamento de propágulos a partir da coluna d água foi maior nas áreas centrais destas clareiras. Na região periférica, apenas o gastrópode herbívoro Collisella subrugosa apresentou maior taxa de ocupação. O processo de migração lateral foi mais importante no fechamento de clareiras com maior relação perímetro:área, sendo B. darwinianus mais eficiente que B. solisianus. Esta diferença pode ter implicações no padrão de distribuição destes mitilideos. A maior influência da espécie pioneira esperada em clareiras grandes não foi observada, provavelmente devido à mortalidade massiva do cirripédio nas áreas de estudo. O recrutamento de Brachidontese mais efetivo quando descontinuidades no substrato facilitam a ancoragem dos jovens. Estes resultados indicam um menor efeito de interações de espécies nos mecanismos de sucessão de comunidades na região de Ubatuba, devido à grande resistência destas comunidades a perturbações. A abertura de clareiras nestas comunidades propicia o aumento da diversidade local de espécies, mas as interações das espécies colonizadoras não necessariamente alteram a velocidade da sucessão na região entremarés

ASSUNTO(S)

mexilhão biologia costeira - ubatuba (sp) sucessão ecologica

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