Efeitos da status socioeconômico no uso da linguagem escrita: estende-se ao Ensino Superior brasileiro?
AUTOR(ES)
Beltrão, Kaizô Iwakami; Mandarino, Mônica; Megahós, Ricardo Servare; Pedrosa, Mônica Guerra Ferreira
FONTE
Ensaio: aval.pol.públ.Educ.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2021-09
RESUMO
Resumo Bourdieu e Passeron defenderam a tese de que a escola era o principal locus para legitimar e perpetuar as diferenças de classe. Isso é reforçado pelos múltiplos testes de proficiência utilizados para monitoramento de políticas públicas, que privilegiam o uso da linguagem formal como parte dos instrumentos e, portanto, penalizam os participantes com menor domínio da língua. Ajustamos dois modelos hierárquicos com os resultados do Enade nas notas de desempenho linguístico (português), usando como covariáveis, indicadores da condição socioeconômica e autonomia financeira dos alunos e valores médios dessas variáveis para as áreas de conhecimento. O desempenho linguístico é desagregado em três aspectos: textual, ortográfico e vocabulário/morfossintático. Mostramos que os grupos socioeconômicos mais afluentes apresentam maior proficiência no componente linguístico do Enade, mesmo controlando pela média do nível socioeconômico e da autonomia financeira dos alunos da área. O efeito socioeconômico não é tão forte quanto em níveis educacionais mais baixos, mas universitários constituem um grupo social homogêneo. Isso reforça a tese de Bourdieu de que por meio do capital social, cultural e econômico ainda prevalece o domínio das classes mais ricas sobre as classes mais populares, reforçando a desigualdade.
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