Efeitos da neuroestimulação domiciliar associada ao treino motor em pacientes com acidente vascular cerebral na fase crônica / Effects of home-based neurostimulation associated with motor training in chronic stroke patients

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A estimulação somatossensitiva através da estimulação repetitiva de nervos da mão parética é uma abordagem promissora na recuperação motora do membro superior de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) na fase crônica e habitualmente é realizada em ambiente hospitalar. A dificuldade de comparecimento frequente de pacientes com AVC ao hospital pode prejudicar a implementação desta estratégia terapêutica em nosso meio. A reabilitação domiciliar pode ser uma alternativa interessante, além de ser menos dispendiosa do que a reabilitação hospitalar. O atual estudo teve como objetivo principal verificar a melhora em desempenho na função do membro superior parético após uma intervenção de estimulação somatossensitiva associada a treino motor, em ambiente domiciliar. Foi realizado um ensaio clínico aleatorizado, com mascaramento duplo e dois tipos de intervenção: ativa ou controle. Os pacientes do grupo ativo foram instruídos a utilizar um dispositivo de estimulação elétrica do nervo mediano, por duas horas. Os pacientes do grupo controle também foram instruídos a usar o dispositivo durante duas horas, porém sem que houvesse estimulação do nervo. Imediatamente após a utilização do dispositivo, todos os pacientes foram orientados a realizar um treino motor baseado no teste de Jebsen-Taylor. O tratamento foi realizado diariamente, ao longo de um mês. O desfecho primário foi o efeito da estimulação somatossensitiva (ativa versus controle) associada a treino motor sobre a melhora da função do membro superior parético avaliada pelo teste de Jebsen-Taylor. Os desfechos secundários foram: 1) melhora na independência funcional, avaliada pela Medida de Independência Funcional (MIF); 2) aderência às intervenções propostas, avaliada através de registros em uma agenda, e de relatos orais dos pacientes; 3) eventos adversos decorrentes dessas intervenções. O desempenho no teste de Jebsen-Taylor e na Medida de Independência Funcional (MIF) foi avaliado antes das intervenções (D0), ao seu término (D30) e quatro meses após o seu término (D150). Para a comparação da melhora em desempenho no teste de Jebsen-Taylor e da melhora em pontuação na MIF no grupo ativo e no grupo controle, foi utilizada análise de variância com medidas repetidas (ANOVAMR) com fatores grupo (ativo e controle) e tempo (D30 e D150). Foi observado um efeito significativo de grupo (F=5,02; p=0,038) na ausência de efeitos significativos de tempo ou interação grupo*tempo (p>0,05) em relação à melhora em desempenho no teste de Jebsen-Taylor. Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos em relação à pontuação na MIF após o tratamento. O grupo ativo apresentou maior aderência ao tratamento do que o grupo controle, porém esta conclusão foi baseada em informações fornecidas pelos pacientes, sem observação direta da pesquisadora. Não observamos eventos adversos relevantes. Este estudo é pioneiro por demonstrar efeitos benéficos, em longo prazo, da estimulação somatossensitiva associada a treino motor realizado em ambiente domiciliar, sem a supervisão de um terapeuta. Para a realização de estudos futuros, sugerimos algumas modificações em relação ao protocolo de estimulação somatossensitiva e treino motor, assim como combinações da técnica utilizada a outras técnicas de neuroestimulação

ASSUNTO(S)

acidente cerebral vascular terapia por estimulação elétrica home-based rehabilitation electric stimulation therapy stroke tratamento domiciliar upper extremity extremidade superior

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