Efeito-escola e fatores associados ao progresso acadêmico dos alunos entre o início da 5a. série e o fim da 6a. série do ensino fundamental: um estudo longitudinal em Escolas Públicas no Município de Belo Horizonte - MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

As pesquisas sobre o efeito-escola são recentes no Brasil e se baseiam, sobretudo, nos dados produzidos pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Seus primeiros resultados chamaram muita atenção principalmente pelo fato de mostrarem as enormes desigualdades educacionais no país. Concordando com literatura internacional, essas pesquisas revelam que a maior parte da variação no desempenho dos alunos se explica pelos fatores extra-escolares. Não obstante esses resultados sejam muito relevantes, eles são baseados em dados transversais, embora se saiba que a forma apropriada para medir o efeito-escola é através de dados longitudinais, que permitem investigar o impacto das escolas aos alunos, em termos de aprendizagem, devido as suas políticas e práticas. O principal objetivo deste estudo é medir o efeito-escola de sete estabelecimentos de ensino públicos localizados na mesma região da cidade de Belo Horizonte, que tem o perfil socioeconômico relativamente homogêneo. A pesquisa tem o desenho longitudinal, com a coleta de dados em três ocasiões. Os alunos das escolas selecionadas foram acompanhados, durante dois anos, a partir do início da 5ª série. No primeiro ano, os alunos submetidos a testes língua portuguesa e matemática no início e no final do ano letivo. No segundo ano, os testes foram repetidos no final do ano letivo. Além dos testes, os alunos responderam a um questionário contextual para levantar informações sobre suas características demográficas, socioeconômicas e culturais, itens sobre o percurso escolar e hábitos de estudo. Foram realizadas entrevistas com os profissionais das escolas e com pais de alunos, escolhidos de acordo com os resultados dos testes, a fim contextualizar os resultados obtidos com os testes e questionários. O efeito-escola para a aprendizagem dos alunos foi analisado através de modelos multiníveis de regressão para dados longitudinais. As escolas foram incluídas com variáveis indicadoras e a medida do efeito-escola foi feita através do coeficiente de cada escola. Os resultados mostraram que os alunos com status inicial mais baixo ganharam mais no período. Os modelos de análise mostraram que os fatores dos alunos (nível socioeconômico, defasagem idade-série e gênero) têm muito impacto no status inicial, mas apenas algumas têm impacto no progresso dos alunos, dependendo da disciplina e da série. As evidências qualitativas mostraram que todas as escolas têm problemas de infra-estrutura e contextuais, que impactam a qualidade do ensino. As políticas e práticas escolares podem contribuir para que a escola minimize, reproduza ou aumente as desigualdades de origem de seus alunos. Dependendo do alunado atendido pela escola, essas práticas têm conseqüências para a trajetória dos alunos. Nas entrevistas com as famílias, o principal resultado foi mostrar as práticas das famílias que contribuem para a estratificação escolar. Esses resultados apontam para a necessidade de políticas públicas para melhoria das escolas, principalmente as que atende famílias menos desprovidas de recursos econômicos e culturais, a fim de compensar, através da escola, as desigualdades de origem dos alunos. Este estudo tem contribuições metodológicas importantes para a investigação do efeito-escola em perspectiva longitudinal e para as pesquisas que fazem integração entre metodologias quantitativas e qualitativas.

ASSUNTO(S)

ensino fundamental escolas organização e administração alunos condições sociais educação teses escolas publicas

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