Efeito do praziquantel no desempenho cognitivo de crianças infectadas pelo S.mansoni em área rural do vale do Jequitinhonha, Minas gerais
AUTOR(ES)
Marcia Christina Caetano de Souza
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do tratamento com praziquantel no desempenho cognitivo de crianças previamente infectadas por S. mansoni em área rural do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Participaram 201 crianças de seis a 10 anos, residentes em Caju e São Pedro do Jequitinhonha, distritos rurais do município de Jequitinhonha. A coleta de dados foi feita em dois momentos. No primeiro, foi realizado exame parasitológico de fezes, pelo método Kato-Katz, aferidas as medidas de peso e estatura para avaliação nutricional e feita avaliação cognitiva pelo teste Raven e subtestes Dígito, Código e Aritmética do WISCIII. Todos os pais responderam ao questionário socioeconômico. Após a primeira etapa, as crianças foram tratadas para helmintoses com praziquantel e albendazol. Um ano após o tratamento, foram repetidas as avaliações nutricionais e cognitivas. A prevalência de esquistossomose nas duas localidades foi de 70,6%, de ancilostomíase 18,5% e de ascaridíase 2,6%. Um percentual de 3,5% de crianças apresentou desnutrição aguda na primeira etapa e 11,4% desnutrição crônica, 4,5% sobrepeso e 2,5% obesidade. Em relação ao desempenho cognitivo, houve predomínio de crianças abaixo da média em ambos os testes, ocorrendo aumento dos escores cognitivos na segunda etapa do estudo, independente do fato de estarem infectadas ou não na primeira etapa. A análise multivariada mostrou que as crianças com maiores escores no Subteste Aritmética residiam em Caju (OR=2,10 IC 95%=1,07-4,11) em casas com chefe de família com até quatro anos de estudo (OR=2,93 IC 95%=1,26-6,81). As crianças residentes no Caju também apresentaram melhor desempenho no subteste Código (OR=2,21 IC95%=1,02-4,81). Foi verificada, também, melhora nesse teste entre as crianças com idades entre nove e 10 anos (OR=2,48 IC 95% 1,07-5,76). Foi encontrada uma diferença significativa no índice de massa corporal que foi associada à melhoria no desempenho no teste Código (OR=1,12 IC95% 1,01-1,23). Uma maior educação materna aumentou a chance de a criança apresentar melhor desempenho no teste Raven (OR=4,28 IC 95% 1,32-13,87). Crianças com melhor condição socioeconômica foram mais propensas à melhoria cognitiva no teste Raven (OR=5,17 IC 95% 2,12-12,59). Os achados deste estudo evidenciaram que o tratamento não teve efeito na melhoria do desempenho cognitivo de crianças previamente infectadas pelo S. mansoni, porém foram identificados outros fatores que proporcionaram uma melhoria da cognição dos participantes. O estudo identificou a necessidade de ações governamentais em parceria com a comunidade local para promoção de geração de renda, redução da pobreza e controle da esquistossomose. Programas de educação em saúde são indicados para orientar as famílias quanto ao cuidado da saúde da criança e à estimulação adequada do desenvolvimento.
ASSUNTO(S)
enfermagem teses estado nutricional decs praziquantel/uso terapêutico decs fatores socioeconômicos decs enfermagem decs esquistossomose mansoni/quimioterapia decs cognição decs dissertações acadêmicas decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/GCPA-88WHZ7Documentos Relacionados
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