Efeito do estresse nutricional em culturas de celulas primarias e em linhagens estabelecidas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Condições não fisiológicas de tratamento por estresse nutricional e diminuição do pH, têm sido associadas a indução de efeitos genotóxicos e transformação em cultura de células de mamíferos. As linhagens celulares Vero, estabelecida a partir de células fibroblásticas renais de macaco verde da África (Cercopithecus aethiops) e MDCK (Madin-Darby canine kidney) a partir de células epiteliais renais, assim como células de cultura primária de líquido amniótico humano foram submetidas ao estresse nutricional, com o objetivo de se investigar o efeito desse sobre vários caracteres celulares. As células estressadas assim como seus respectivos controles foram analisadas com relação a aspectos morfológicos e de crescimento em cultura, características citogenéticas e alterações no citoesqueleto e elementos de matriz extracelular. As linhagens estabelecidas Vero e MDCK assim como as células de cultura primária de líquido amniótico, apresentam inibição por contato e crescimento em monocamadas. Após serem submetidas ao estresse nutricional essas populações passaram a crescer em múltiplas camadas com formação de agregados celulares, perdendo portanto a inibição por contato. A linhagem Vero estressada mostrou alterações morfológicas na superficie celular, com aumento em estruturas vesiculares e microvilosidades, pouco observadas na população controle, que exibia superficie regular. As células presentes nos agregados ou grumos da população Vero estressada apresentaram ainda um certo grau de diferenciação, com células achatadas na superficie do grumo e células arredondadas no interior do mesmo e presença de material extracelular, simulando a formação de pequenas colônias tumorais. Nas monocamadas celulares da população MDCK estressada houve a formação de estruturas denominadas domes, evidenciando a ocorrência de transporte transepitelial. Após a confluência e crescimento em múltiplas camadas, as células MDCK estressadas organizaram-se formando estruturas tubulares. As células Vero controle apresentaram codistribuição de fibronectina e actina, as quais concentraram-se principalmente nas fibras de estresse e se acumularam nas regiões de contato entre as células da monocamada. Nas células Vero estressadas houve redução da resposta imunocitoquímica para fibronectina sem codistribuição com a actina, bem como a redução da coloração para vimentina. A diminuição de fibronectina nas células Vero estressadas provavelmente encontra-se associada à desorganização no padrão de crescimento, levando à formação de múltiplas camadas e diminuição nos índices de adesão, enquanto a presença da fibronectina entre as células da monocamada manteria a adesão ao substrato e o crescimento em monocamadas. As células MDCK controle e estressadas exibiram codistribuição de fibronectina e actina especialmente nas regiões de contato entre as células estressadas, enquanto a vimentina apresentou-se mais intensamente corada nas células MDCK estressadas. A codistribuição de fibronectina e actina nas regiões de contato entre células adjacentes da população MDCK estressada, assim como o aumento da evidenciação de vimentina encontram-se associados à formação de estruturas tubulares por estas células. Células Vero, MDCK e de líquido amniótico apresentaram número modal de cromos somos diferentes de suas populações celulares controle, assim como elevados índices de poliploidia, indicando que o estresse nutricional associado ao abaixamento do pH é responsável não somente por alterações morfológicas, mas também genéticas nos tipos celulares estudados. Pelo presente trabalho pudemos concluir que condições não fisiológicas de tratamento por estresse nutricional associado à redução do pH do meio, foram responsáveis pela indução da transformação em todos os tipos celulares estudados, levando a alterações em vários dos aspectos celulares analisados

ASSUNTO(S)

citogenetica morfologia citoesqueleto

Documentos Relacionados