Efeito das neurotoxinas da aranha phoneutra nigriventer na isquemia cerebral in vitro.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O papel dos bloqueadores de canais de cálcio em condições isquêmicas vem sendo investigado e descrito na literatura. A fração PhTX3 do veneno da aranha Phoneutria nigriventer é um bloqueador de canais de cálcio de amplo espectro que inibe a liberação de glutamato, a captação de cálcio e também a recaptação de glutamato em sinaptossomas. A fração PhTX3 contém 6 isotoxinas: TX3-1 a TX3-6. Algumas dessas isotoxinas bloqueiam canais de cálcio do tipo P/Q e outros canais de cálcio do tipo N. Com essa ação, essas isotoxinas inibem a captação de cálcio e a liberação de neurotransmissores. As toxinas TX3-3 e TX3-4 inibem canais de cálcio do tipo P/Q e a liberação de glutamato. Além disso foi demonstrado que a toxina TX3-4 inibe a liberação de glutamato independente de cálcio, via o transportador de glutamato. Em nosso trabalho demonstramos que a fração PhTx3 (1µg/mL) foi capaz de conferir neuroproteção (82 ± 4.1%) em um modelo experimental in vitro utilizando fatias de hipocampo cerebral de ratos e células SN56 submetidas ao evento isquêmico. As isotoxinas TX3-3 (8nM) e TX3-4(8nM) também apresentaram efeito neuroprotetor (77± 3.8% e 68 ± 4.2%) respectivamente utilizando fatias de hipocampo cerebral de ratos submetidas ao evento isquêmico. A fração PhTX3 e as toxinas TX3-3 e TX3-4 apresentaram efeito neuroprotetor até 1 hora após o evento isquêmico instalado. Esse efeito foi significativamente reduzido após 1 hora e 30 minutos do evento isquêmico instalado e não foi observado efeito neuroprotetor significativo após 2 horas. O papel do cálcio intracelular no processo isquêmico também foi investigado em nosso trabalho. Foi observado que o BAPTA-AM e o 2-APB apresentaram neuroproteção (55 ± 2.9% e 45 ± 2.4%) respectivamente. Não observamos efeito neuroprotetor utilizando dantroleno. Assim podemos sugerir que o cálcio intracelular xiii liberado a partir dos estoques intracelulares sensíveis aos receptores IP3 participam do processo de morte celular na isquemia cerebral in vitro. Além disso, observamos que as ferramentas farmacológicas utilizadas para reduzir a quantidade de cálcio intracelular (BAPTA-AM, 2-APB e dantroleno) foram capazes de reduzir a atividade de caspase-3 (115 ± 4.32, 136± 5.6 e 157± 5.85 nmol/mg de proteína) respectivamente, comparado com as fatias de hipocampo submetidas à isquemia sem adição de compostos testes (227 ± 5.4 nmol/mg de proteína). Realizamos os mesmos experimentos com a fração PhTX3 e as toxinas TX3-3 e TX3-4 e não observamos redução significativa na atividade de caspase-3 (203 ± 4.7, 210 ± 3.35 e 212 ± 3.37 nmol/mg de proteína) respectivamente, comparado com as fatias submetidas à isquemia sem adição de compostos testes (223 ± 4.7 nmol/mg de proteína). Diante dos nossos resultados, podemos concluir que as toxinas presentes no veneno da aranha Phoneutria nigriventer (fração PhTX3, TX3-3 e TX3-4) apresentaram efeito neuroprotetor significativo, mostrando ser uma nova classe de agentes terapêuticos com grande potencial de utilização nos casos de isquemia cerebral.

ASSUNTO(S)

farmacologia teses. aranha veneno aspectos moleculares teses.

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