Efeito da nicotina injetável e da fumaça do cigarro em um modelo experimental de lesões intra-epiteliais e de adenocarcinoma pancreático induzidos por 7,12-dimetilbenzantraceno (DMBA) em camundongos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: O adenocarcinoma de pâncreas é uma doença com prognóstico reservado e tem como um dos fatores de risco mais importantes o tabagismo. Dentre os componentes do cigarro a nicotina é o que apresenta maior concentração, sendo considerada a principal substância envolvida na carcinogênese pancreática. Visando o diagnóstico precoce e buscando novos tratamentos, os modelos XX experimentais se tornam úteis, à medida que possibilitam a compreensão do comportamento biológico tumoral e dos fatores indutores e promotores da doença. Para o desenvolvimento experimental do câncer de pâncreas em ratos e camundongos, o 7,12-dimetilbenzantraceno (DMBA) é um dos indutores químicos mais utilizados. Objetivos: Avaliar o efeito da nicotina injetável e da fumaça do cigarro sobre o pâncreas de camundongos submetidos à carcinogênese pelo DMBA, aplicando, para os achados histológicos, a nova classificação das neoplasias intra-epiteliais pancreáticas (NIPan) proposta em 2001 por Hruban e colaboradores. Materiais e Métodos: 114 camundongos machos foram alocados em 3 grupos. O grupo denominado DMBA-n recebeu 2mg/kg/dose de nicotina ([3-(1- methiyl-2-pyrrolidinyl)pyridine]) subcutânea durante 45 dias. Após o décimo quinto dia de nicotina, foi operado sendo implantado 1 mg de cristais de DMBA na cabeça pancreática, mediante sutura em bolsa. O grupo DMBA-f foi exposto à fumaça de cigarro na concentração de 100mg/m3 de nicotina também por 45 dias, e submetido à cirurgia com o implante de DMBA em seu pâncreas no 16° dia. O grupo denominado Sham, considerado como controle da cirurgia, permaneceu no alojamento pelo mesmo período de tempo e no 16° dia foi operado sendo confeccionada a bolsa sem o implante de DMBA. Este grupo não foi exposto à fumaça e não recebeu a nicotina. Transcorridos 30 dias de pósoperatório, todos os animais foram mortos e seus pâncreas foram preparados para avaliação histológica através da coloração com hematoxilina e eosina. Dois patologistas e dois dos autores procederam a avaliação histológica. Os diagnósticos considerados foram: pâncreas normal, hiperplasia reacional, NIPan 1a, NIPan 1b, NIPan 2, NIPan 3 e carcinoma. Os resultados foram comparados a um quarto grupo de camundongos (controle histórico) designado com DMBA-exclusivo, para fins de análise estatística. Resultados: A comparação entre os quatro grupos demonstrou que a freqüência geral de NIPan foi praticamente a mesma entre todos os animais expostos ao DMBA, sendo de 16 (66,7%) no DMBA-exclusivo, 20 (66,7%) no DMBA-f e 12 (44,4 %) no DMBA-n, quando consideradas as lesões de maior gravidade. O grupo Sham não apresentou NIPan. A freqüência do adenocarcinoma pancreático, entretanto foi maior no grupo DMBA-n (14 ou 51,9%) do que no DMBAexclusivo (4 ou 16,7%) e no DMBA-f (4 ou 13,3%). Igualmente o grupo Sham não apresentou carcinoma. A diferença entre os grupos apresentou significância estatística (p = 0,05 – teste Exato de Fisher). Conclusão: A nicotina, associada ao modelo experimental de carcinogênese pancreática induzida pelo DMBA em camundongos, promove o desenvolvimento do adenocarcinoma pancreático invasor, semelhante ao humano. A exposição à fumaça não atuou como promotora do adenocarcinoma pancreático invasivo, mas proporcionou o maior aparecimento de NIPan 3 ou carcinoma “in situ” quando comparado com o grupo DMBA-exclusivo.

ASSUNTO(S)

neoplasias pancreáticas adenocarcinoma nicotina modelos animais de doenças

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