Efeito da imunoterapia com interferon beta na produção de citocinas pelos leucocitos de pacientes portadores de esclerose multipla

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O desenvolvimento da tolerância imunológica a antígenos próprios, é resultado de mecanismos que conduzem à supressão de clones de linfócitos específicos aos componentes da mielina, podendo ser um dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento da tolerância aos neuro-antígenos. Entre os mecanismos mais estudados estão: deleção, anergia dos clones auto-reativos e os mecanismos regulatórios exercidos pelas citocinas. Evidências clínicas e experimentais sugerem que, anormalidades dos linfócitos T e das citocinas, produzidas pelas células TH1, estão envolvidos no desenvolvimento de doenças auto-imunes órgão-específicas como a Esclerose Múltipla. A Esclerose Múltipla (EM) é a mais importante doença desmielinizante que afeta o homem. Patologicamente é caracterizada pela inflamação e desmielinização de múltiplas áreas da substância branca do SNC, com posterior lesão do oligodendrócito, resultando clinicamente em disfunção neurológica. Embora seja uma doença órgão-específica, com resposta imunológica voltada ao SNC, estudos mostram alterações imunológicas nas células do sangue periférico. As células T auto-reativas, dos pacientes com EM, reconhecem componentes da mielina, como a proteína básica de mielina (MBP), contribuindo à patogenicidade da doença. Uma das abordagens terapêuticas não específica, utilizada no tratamento da Esclerose Múltipla é o Interferon Beta (IFNb). Nestas duas últimas décadas, alguns estudos foram concluídos, mostrando, de uma forma geral, que a administração do IFNb (tanto 1a como 1b) tem efeito benéfico no tratamento da EM na forma surto-remissão e mais recentemente os autores vem utilizando essa abordagem terapêutica também para as formas progressivas da doença (GOODKIN, 2000; NEUHAUS et al., 2003). O efeito terapêutico do interferon tipo I, o IFN beta em particular, mostrou exercer efeito benéfico aos pacientes tratados, diminuindo o número de exacerbações durante o primeiro ano de tratamento (FILLIPPINI et al., 2003), e em alguns casos tais efeitos benéficos duraram acima de 5 anos (MS group, 1995). O efeito terapêutico foi confirmado pela diminuição das lesões verificadas por MRI (PATY et al., 1993). Como a imunoterapia, com IFNb, tem mostrado efeitos benéficos aos pacientes portadores de Esclerose Múltipla (EM) na forma surto-remissão, resolvemos acompanhar o efeito da terapia com IFNb na produção de citocinas dos pacientes em tratamento ou não, assim como em indivíduos normais. Os resultados obtidos, mostraram um aumento significativo na produção das citocinas pro-inflamatórias, tais como TNFa e IFNg no plasma e cultura de leucócitos dos pacientes com EM não tratados. A administração do IFNb reduz, significativamente, os níveis das citocinas pró-inflamatórias, com simultâneo aumento na produção de IL10 e, mais discretamente, na produção de TGFb. Sugere-se então, que a polarização da produção das citocinas pró-inflamatórias participa da cascata de eventos, que leva à desmielinização e que, a administração in vivo de citocinas, como IFNb, pode mudar o curso da resposta inflamatória

ASSUNTO(S)

citocinas auto-imune

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