Efeito da administração do extrato aquoso do croton cajucara Benth sobre parâmetros oxidativos e a expressão do NF-kB em fígado de ratos diabéticos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A utilização de plantas com fins medicinais, para o tratamento, a cura e a prevenção de doenças é uma das formas mais antigas de prática medicinal da humanidade. A espécie Croton cajucara BENTH (CcB) é uma planta nativa e endêmica da região Amazônica, onde é popularmente conhecida como “sacaca”. É muito utilizada na medicina popular, sob a forma de chás da casca e de folhas no tratamento de diversas doenças, como o diabetes. Estudos experimentais e clínicos sugerem que o estresse oxidativo esteja envolvido na patogênese e na progressão do diabetes. Este estudo tem como objetivos avaliar os efeitos do extrato aquoso da casca do CcB sobre as alterações hepáticas, os níveis plasmáticos de glicose, triglicerídeos (TG) e colesterol, os efeitos genotóxicos, o estresse oxidativo, a concentração de nitritos e nitratos e a ativação da subunidade p65 do fator de transcrição nuclear Kappa B em fígado de animais diabéticos induzidos por estreptozotocina (STZ). Foram utilizados ratos machos Wistar, divididos em seis grupos com dez animais cada: controle (CO); controle com tratamento durante cinco dias com CcB (CcB5D); controle com tratamento durante 20 dias com CcB (CcB20D); diabéticos (DM); diabéticos com tratamento durante cinco dias com CcB (DM5D); e diabéticos com tratamento durante 20 dias com CcB (DM20D). O DM foi induzido por administração intraperitonial de STZ na dose de 70mg/Kg. O extrato aquoso (EA) foi preparado com 5g da casca do CcB/100mL H2O e administrado na dose de 1,5mL intragástrica. Após 60 dias, foi coletado sangue do plexo retro-orbital para as análises das enzimas séricas: AST, ALT, FA e dosagem de glicemia, triglicerídeos e colesterol. Para avaliar a atividade genotóxica do extrato, foi utilizado o teste de micronúcleos (MN) em medula óssea. O homogeneizado do fígado foi utilizado para avaliação de lipoperoxidação (LPO) através das substâncias que reagem ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e para avaliação da atividade das enzimas antioxidantes SOD, CAT, GPx e GSH, avaliação dos metabólitos do óxido nítrico (nitritos e nitratos totais) e a expressão nuclear da subunidade p65 do NF-kB. A análise das enzimas séricas mostrou que houve aumento de ALT e FA nos animais DM em relação aos grupos CO, e que a ALT apresentou-se diminuida nos animas DM tratados durante cinco e 20 dias. O tratamento com CcB não diminuiu os níveis da glicemia e do colesterol, houve, porém, redução significativa nos níveis de TG nos animais diabéticos tratados durante cinco e 20 dias. O tratamento com CcB não diminuiu os níveis da glicemia e do colesterol, houve, porém, redução significativa nos níveis de TG nos animais diabéticos tratados durante cinco e 20 dias. O EA do CcB mostrou-se destituído de ação genotóxica. Houve aumento no TBARS e na SOD em animais DM e diminuição significativa nos animais diabéticos tratados durante cinco e 20 dias. Por outro lado, verificou-se aumento de TBARS e da atividade da SOD no grupo CO20D. A atividade da CAT e da GPx não apresentaram diferenças significativas entre os grupos estudados. A GSH apresentou-se diminuída nos animais diabéticos em relação aos controles e ao grupo DM5D. Os animais diabéticos apresentaram aumento nos níveis dos metabólitos do óxido nítrico em relação aos animais controles, e a administração do EA do CcB não reverteu essa situação. Houve ativação da expressão nuclear do p65 nos animais diabéticos que foi atenuada nos animais que receberam o EA do CcB. O tratamento dos ratos diabéticos com o EA de CcB parece melhorar os níveis de TG, não reduziu, no entanto, a glicemia e o colesterol, provavelmente por se tratar de um modelo de diabetes crônico. O tratamento diminuiu a LPO e a atividade da SOD, provavelmente devido à atividade antioxidante do EA do CcB como varredor de radicais ânion superóxido. Os resultados mostram que, em situações onde não há estresse oxidativo, o uso prolongado de CcB comporta-se como pró-oxidante e, em situações onde existe estresse oxidativo, o tratamento com o CcB pode possuir ação antioxidante varredora de radicais livres. Além disso, os resultados parecem sustentar a hipótese de que o estresse oxidativo presente do DM estimula a expressão do NF-kB e que administração do EA do CcB reduz essa expressão.

ASSUNTO(S)

diabetes mellitus estresse oxidativo croton plantas medicinais nf-kappa b modelos animais de doenças

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