Educação popular em José Martí e no movimento indígena de Chiapas : a insurgência como princípio educativo da pedagogia latino-americana

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A presente dissertação trata da insurgência como princípio educativo da pedagogia latino-americana. Para tanto, recorremos à categoria experiência, proposta por E. P. Thompson, para dialogar com o processo de independência cubana, do final do século XIX, conduzido por José Martí, e com o original movimento indígena de Chiapas, sobretudo os zapatistas, que emergiu no final do século XX. Entendemos princípio educativo como uma exigência que surge, emerge da existência e está relacionada com o movimento da e na transformação dos sujeitos no processo de luta social e política. Para a realização da pesquisa selecionamos alguns documentos, como cartas, comunicados, artigos, discursos e declarações dos zapatistas e de José Martí. Como proposta de metodologia utilizamos a análise e interpretação de seus conteúdos. Além disto, propusemos uma aproximação da História com a Educação dialogando com o vanguardismo martiano, a rebeldia zapatista e a boniteza freireana, compreendendo os espaços dos movimentos sociais como um campo aberto de possibilidades em educação contra um discurso determinista da história que, despolitizando a educação, a reduz a mero treinamento. As discussões realizadas conduziram à compreensão de insurgência. Esta não foi tratada exclusivamente como forma de luta, mas como um processo pedagógico/político/organizativo que se encontra no horizonte dos movimentos de resistência. Isto nos faz acreditar que a rebeldia tem de ser educada no cotidiano através de um programa (demandas e pautas de lutas intencionadas e propositivas) para a transição à sociedade que se deseja. Observamos a coerência das duas experiências com o seu tempo histórico e a sua proposta de educação crítica. Nela, a prática aparece como ponto de partida para a contribuição da passagem de uma participação ativa para uma participação consciente, ou seja, faz-se da experiência vivida uma experiência modificada. Além disso, a educação popular poderá se (re)inventar ou se (re)construir na dinâmica da sociedade organizada a partir do diálogo com as demandas e as necessidades locais com a perspectiva de as lutas tomarem maiores dimensões. Entendemos que em José Martí e no movimento indígena de Chiapas a pedagogia latino-americana se constitui a partir das muitas pedagogias. Cabem nelas a esperança, a dignidade, a liberdade, a autonomia, a resistência e a insurgência, conforme pudemos abordar nos capítulos desta dissertação.

ASSUNTO(S)

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