Educação permanente em saúde - espaços, sujeitos e tecnologias na reflexão sobre o processo de trabalho

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

01/03/2012

RESUMO

A urgência em transpor a linha da irreversibilidade do processo de mudança do modelo tecno-assistencial brasileiro nos incita a enfrentar todos os problemas ao mesmo tempo, em curto espaço de tempo. Um dos desafios é transformar a rede de serviços de saúde em espaço onde a reflexão sobre o trabalho gere alternativas para fazê-la resolutiva. Nesse sentido, o Ministério da Saúde definiu a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e tem investido em estratégias de enfrentamento desse desafio. O objetivo geral desse estudo foi analisar a possibilidade de desenvolvimento da prática de educação permanente no microambiente de produção de serviços de saúde a partir da inserção de profissionais da atenção básica em um processo de capacitação a distância. Também foram focados pela investigação: potencial de aproximar os alunos da realidade de sua área de abrangência; critérios de escolha das disciplinas optativas e a relação com a prática profissional; apropriação de ferramentas de organização do processo de trabalho; reflexão sobre processo de trabalho; mudança de prática e criação de novos hábitos; visão e participação no Sistema Único de Saúde do futuro. No caso, o processo de capacitação estudado foi o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família que, desde 2008, tem sido ofertado como estratégia de apoio à consolidação do Sistema Único de Saúde na modalidade a distância, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Consiste em uma pesquisa referenciada no materialismo filosófico em que a aproximação com os dados empíricos foi realizada por meio de análise documental, questionário e entrevista narrativa, caracterizando uma abordagem mista (quanti-qualitativa). Os dados coletados por meio da entrevista narrativa foram submetidos à Análise de Conteúdo conforme proposta por Bardin. Foram sujeitos da pesquisa cento e vinte profissionais que responderam ao questionário e quinze que foram entrevistados (sete cirurgiões-dentistas, cinco enfermeiros e três médicos). Os critérios de inclusão para entrevista foram: ter permanecido na Estratégia Saúde da Família durante todo o desenvolvimento do curso; residir no município sede do Polo de Apoio à Universidade Aberta do Brasil ao qual esteve vinculado durante o curso. Em todas as etapas da realização desse estudo, foi considerada a Resolução nº 196, de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. Os dados quantitativos mostraram que: as disciplinas optativas foram escolhidas em decorrência da necessidade de aprofundar conhecimento e da sua relação com os problemas prioritários na prática do aluno; 82,4% responderam que introduziram ferramenta de organização do processo de trabalho que não usavam anteriormente, sendo elas categorizadas em: Planejamento, Diagnóstico em Saúde, Organização do Processo de Trabalho, Acolhimento, Grupo Operativo, Capacitação e acesso a novos conhecimentos, Formação e Trabalho em Equipe, Reunião de Equipe, Classificação de Risco e Comunicação; 75,6% responderam que adotaram ferramentas voltadas à atenção à saúde dos usuários, com registro de mudanças que introduziram no dia a dia, durante o curso. Na análise de conteúdo foram descritas e interpretadas cinco categorias temáticas: Interrogando e compreendendo a possibilidade de a teoria contribuir com a prática e de a prática enriquecer a teoria; Refletindo sobre o processo de trabalho: incorporação e aplicação de conhecimento; Dificuldades e facilidades vivenciadas na implantação e implementação de um novo modelo de atenção à saúde; Comprometimento com o SUS atual e visão de futuro: o SUS onde quero estar; Questões a serem consideradas em uma avaliação do curso. Após a análise é possível afirmar que o curso potencializou processos de EP já existentes e gerou novos processos; fortaleceu a prática de EP em profissionais que já a exercitavam e despertou uma atitude positiva em relação à EP em outros, ao induzir uma reflexão sobre o processo de trabalho a partir das atividades exigidas. Portanto, foram revelados indícios de que houve mudança de prática e criação de novos hábitos a partir do envolvimento dos profissionais com as atividades propostas pelo curso. O curso tem uma intencionalidade pedagógica traduzida em atividades que geram espaços e tempo de reflexão no interior do processo de trabalho.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses.

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