Edge effects on epiphytic mosses (Bryophyta) community in brasilian Cerrado / Efeitos de borda sobre comunidades de musgos (Bryophyta) epifíticos em área de Cerrado no Brasil Central

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

As mudanças microclimáticas promovidas pela proliferação de bordas nas paisagens fragmentadas, designadas efeitos de borda, podem resultar em alterações na composição de espécies, estrutura das comunidades e processos ecológicos. Apesar do drástico aumento das áreas de borda causadas pela fragmentação antrópica, as bordas e suas áreas de influência constituem uma importante característica estrutural também nas paisagens naturais. Isto é evidente no bioma Cerrado, que além da acelerada perda e degradação de habitats que vem sofrendo, é também composto por mosaicos de tipos vegetacionais cujos limites ou ecótonos são comuns. As briófitas constituem um grupo de organismos ideal para a avaliação dos efeitos de borda, pois devido às suas condições fisiológicas elas são vulneráveis às alterações microclimáticas, o que as torna particularmente úteis como indicadoras dos efeitos adversos da fragmentação. Diante disso, este trabalho teve por objetivo avaliar como as comunidades de musgos (Bryophyta) epífitos respondem às bordas florestais proporcionadas antropicamente e às bordas naturais nas transições campo-floresta no Cerrado. As áreas de estudo estão localizadas no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas e no seu entorno, compreendendo os municípios de Caldas Novas e Rio Quente, estado de Goiás. A amostragem foi feita em três tipos de habitats: (1) florestas de galeria nas encostas da serra com transições abruptas para campos rupestres; (2) borda (0 a 10 metros) e (3) interior (100 a 110 metros) de fragmentos de florestas estacionais circundados por matriz de pastagem. Estes foram os três tratamentos considerados na análise, designados pelas siglas: BN (borda natural), BA (borda antrópica) e IF (interior do fragmento). Para cada tratamento foram selecionadas quatro réplicas. Quatro parcelas de 1010m foram plotadas aleatoriamente ao longo de transectos de 10200m para cada tratamento em cada área. Para a amostragem dos musgos nas parcelas, foram selecionadas todas as árvores com perímetro à altura do peito (PAP) ≥ 20 cm e com cobertura mínima de briófitas de 300cm2. Para o levantamento quantitativo dos musgos foi adotado o método de interceptação de linha. A comparação das estimativas de riqueza de Jackknife (33,56 para IF, 30,56 para BA e 25,63 para BN) mostrou que houve diferenças apenas entre IF e BN e a cobertura de musgos foi significativamente maior em BN do que em BA (F2, 45 = 5,34; p = 0,008). A análise de similaridade (ANOSIM) mostrou que a comunidade de musgos foi mais distinta em BN, sendo que a composição de espécies neste ambiente foi significativamente dissimilar tanto de BA quanto de IF (R = 0,198; p <0,001). Dois fatores podem explicar o fato do efeito de borda sobre a riqueza e 6 cobertura de espécies de musgos epífitos não ter sido evidenciado neste estudo: (1) A homogeneidade na estrutura da vegetação observada entre borda e interior e (2) o fato do estudo ter considerado apenas os musgos, enquanto muitos estudos confirmam uma maior sensibilidade das hepáticas aos diferentes distúrbios. Efeitos mais claros foram observados entre BA e BN, tanto na cobertura quanto na composição de espécies, o que se deve provavelmente às diferenças espaciais e temporais na criação destas bordas, ou ainda às características topográficas dos enclaves, principalmente o fato de estarem localizados em depressões e apresentarem cursos de água no seu interior, o que provavelmente determina maior umidade nestes ambientes. O teste de qui-quadrado mostrou diferenças significativas na freqüência de ocorrência das formas de vida nos diferentes tratamentos, exceto para a forma tufo. O maior valor de qui-quadrado ocorreu para a forma de vida flabeliforme, que predominou em BN, colaborando com as evidências já apresentadas de condições microclimáticas mais favoráveis aos musgos em BN, visto que o hábito flabeliforme é intolerante á dessecação. Isto indica que a utilização de grupos funcionais de briófitas, como formas de vida, pode gerar uma maior generalização e obter respostas mais claras que a riqueza de espécies na avaliação dos efeitos de borda.

ASSUNTO(S)

1. bordas antrópicas 2. bordas naturais ecologia 3. bryophytes 4. cerrado 5. fragmentação florestal 4. cerrado 2. natural edges 3. briófitas 2. musgos 1. anthropogenic edges 6. goiás 5. forest fragmentation 1. briófitas - cerrado - brasil 3. fragmentação florestal 5. goiás

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