Ecologia reprodutiva e conservação de Virola surinamensis (Rol.) Warb. na região do estuario amazonico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Com o objetivo de contribuir para a conservação e manejo de Virola surinamensis (Rol.) Warb.-virola, esse trabalho estudou aspectos referentes à fenologia, polinização, dispersão de sementes, germinação e padrão de distribuição espacial. Levantamentos realizados nas regiões das Ihas de Gurupá e de Marajó permitiram verificar que o sistema de exploração florestal atualmente empregado poderá eliminar as últimas reservas remanescentes de virola no estuário. Na exploração as grandes clareiras abertas na mata podem impedir a regeneração natural de virola. Os danos causados não são computados nos planos de manejo para fins de reposição florestal. Em relação aos padrões fenológicos, durante 4 anos, foram selecionadas 28 árvores em população eqüiana localizada em Belém (PA). Quinzenalmente foram efetuadas observações anotando-se o sexo, número de plantas florescendo, frutificando ou em estádio vegetativo. Foi observada proporção de 39% de plantas femininas, 29% de masculinas e 32% que não apresentaram florescimento ao longo do período estudado. Os maiores picos de florescimento e frutificação ocorreram durante a estação seca Gulho-setembro). Nas plantas masculinas registrou-se maior intensidade de florescimento, podendo apresentar até dois eventos no mesmo ano. No período das chuvas (dezembro-março) ocorre florescimento de outro grupo de plantas, originando um pico de menor intensidade. Foi constatado que existem plantas femininas e masculinas que apresentam florescimento simultâneo e único, com a formação de grupos de subpopulações de indivíduos que trocam fluxo gênieo apenas entre si. Isto poderia levar ao seu isolamento reprodutivo. A nível de espécie, o padrão floração e frutificação foi anual à irregular. Porém, a nível de indivíduo foi regular. O estudo da biologia de polinização da espécie demonstrou não haver especificidade de polinizador, tendo sido observados como prováveis polinizadores microhymenopteros e dípteros, vespas, abelhas do gênero l rigona, podendo também formigas do gênero Camponotus atuarem como eventuais polinizadores. Em relação à dispersão das sementes, foi testada a hipótese da hidrocoria também exercer papel na disseminação das sementes da espécie no estuário amazônico, além da ornitocoria. Os estudos abrangeram 3 anos e várias fases ( a) observações naturalísticas no campo; (b) observações do comportamento do tucano Ramphastos vitellinus em cativeiro, alimentando-se de sementes e frutos de virola; ( c) distância de dispersão de sementes pela água; (d) determinação da época de maturação das sementes; (e) desenvolvimento do embrião da semente e (f) ecologia da germinação. Em condições naturais cerca de 60-80% das sementes produzidas caem na água dos rios quando estas apresentam o arilo vermelho. A distância média percorrida pelas sementes em área de várzea baixa foi de 50 m/dia. Cerca de 20% das sementes transportadas pela água chegaram a atingir os rios e igarapés principais, percorrendo uma distância média de 500 m. As demais fixaram-se em locais próximos às margens e em raízes de outras plantas. Os tucanos, em área natural, visitam as árvores quando suas sementes apresentam o arilo vermelho. Permanecem cerca de 15-20 minutos em cada árvore e podem, a seguir, voar para outra vizinha ou para longe do grupamento de plantas. Em cativeiro foi observado que, entre a ingestão e regurgitação das sementes de virola, transcorrem em média 8,6 minutos. O tempo inferior ao dispendido nas árvores poderia possibilitar a dispersão próxima ou entre os grupamentos de plantas. A sua permanência em água foi um importante fator para completar o seu desenvolvimento do embrião da semente de viro Ia. Nas condições do estuário, o tucano poderia ser um dispersor de curta distância, enquanto a água, o seria a maiores distâncias. Com base nos resultados obtidos sugere-se que a espécie apresenta evidências de adaptações ecológicas para a hidrocoria, sendo que a água exerce também importante papel como promotor da germinação. Para testar a hipótese do arilo atuar como inibidor da germinação, sementes recém-colhidas, com e sem arilo foram semeadas em viveiro, imediatamente após a colheita e após permanecerem 7 dias em água corrente, seguindo-se o delineamento experimental fatorial inteiramente ao acaso. Não houve efeito significativo da presença do arilo sobre a germinação, obtendo-se 70% para as com arilo e 70,5% para sementes sem arilo. No entanto, a permanência em água promoveu aumento significativo da germinação. As sementes plantadas imediatamente após a colheita apresentaram germinação tardia, aos 15 dias, e continuou lenta e irregular, tanto com arilo (50%), quanto sem (53%). A estratificação em água corrente promoveu a aceleração e uniformização da germinação, iniciada aos 7 dias e com alta percentagem para sementes com e sem arilo (90%). O fato de não se obter efeito negativo da presença do arilo sobre a germinação sugere que as substâncias presentes no arilo não exerceriam atividade inibitória à germinação. Estudos realizados anteriormente, demonstraram que as sementes de virola apresentam indícios de dormência por imaturidade do embrião. Assim, a aceleração da germinação promovida pela água poderia estar ligada à lixiviação de inibidores ou em consequência da estratificação modificando as relações promotores/inibidores, induzindo à germinação e ativando o crescimento do embrião. Em relação à germinação das sementes, testes efetuados com diferentes qualidades de luz (branca, escuro, vermelha e vermelho-longo) e teor de umidade do substrato (seco, médio e encharcado) comprovaram o potencial da espécie para germinar em áreas com condições semelhantes à que ocorrem em pequenas clareiras na mata, tendo demonstrado sensibilidade ao ressecamento e encharcamento do substrato. Para avaliar em condições naturais o estabelecimento das mudas, foi estuado o padrão de distribuição espacial da espécie. Foram efetuados estudos em áreas de várzea alta, com adaptações ecológicas para a hidrocoria, sendo que a água exerce também importante papel como promotor da germinação. Para testar a hipótese de arilo atuar como inibidor da germinação, sementes recém-colhidas, com e sem arilo foram semeadas e viveiro, imediatamente após a colheita e após permanecerem 7 dias em água corrente, seguindo-se o delineamente experimental fatorial inteiramente ao acaso. Não houve efeito significativo da presença do arilo sobre a germinação, obtendo-se 70% para as com arilo e 70,5% para sementes sem arilo. No entanto, a permanência em água promoveu aumento significativo da germinação. As sementes plantadas imediatamente após a colheita apresentaram germinação tardia, aos 15 dias, e continuou lenta e irregular, tanto com arilo (50%), quanto sem (53%). A estratificação em água corrente promoveu a aceleração e uniformização da germinação, iniciada aos 7 dias e com alta percentagem para sementes com e sem arilo (90%). O fato de não se obter efeito negativo da presença do arilo sobre a germinação sugere que as substâncias presentes no arilo não exerceriam atividade inibitória à germinação. Estudos realizados anteriormente, demonstraram que as sementes de virola apresentam indícios de dormência por imaturidade do embrião. Assim, a aceleração da germinação promovida pela água poderia estar ligada à lixiviação de inibidores ou em conseqüência da estratificação modificando as relações promotores/inibidores, induzindo à germinação e ativando o crescimento do embrião. Em relação à germinação das sementes, testes efetuados com diferentes qualidades de luz (branca, escuro, vermelha e vermelho-longo) e teor de umidade do substrato (seco, médio e encharcado) comprovaram o potencial da espécie para germinar em áreas com condições semelhantes à que ocorrem em pequenas clareiras na mata, tendo demonstrado sensibilidade ao ressecamento e encharcamento do substrato. Para avaliar em condições naturais o estabelecimento das mudas, foi estuado o padrão de distribuição espacial da espécie. Foram efetuados estudos em áreas de várzea alta, com (Ilha de Marajó-PA) e sem exploração recente (Lábrea-AM) e várzea baixa explorada (Ilha de Marajó) e sem exploração (Ilha de Gurupá-PA. A distribuição espacial da população foi mais determinada pela distribuição dos grupamentos de plantas ou colônias. Em várzea baixa os grupamentos apresentaram dispersão homogênea na área. Em várzea alta a tendência foi a formação de grupamentos compostos por conjuntos de colônias, definidas como subpopulações, constituídas por conjuntos de colônias com alto padrão de agregação entre elas. A exploração causou efeito sobre a sua distribuição espacial. A virola apresentou um padrão ecológico de polinização à curta distância e dispersão de sementes à curta (ornitocoria e hidrocoria em várzea alta) e longa distância (hidrocoria). Para a conservação nas áreas onde a virola softeu intensa exploração, como os rios Preto, Laguna e a região da ilha de Gurupá, deve ser efetuada de forma ex-situ, coletando-se o máximo possível das populações remanescentes. A conservação in-situ, com a criação de áreas de reserva, poderia ser viável nas regiões ainda em fase de exploração como os rios Anajás, Jurará e Mapuá. No entanto, devido ao crescimento da intensidade da exploração mecanizada e manual, paralelamente deve ser efetuada a conservação ex-situ. Considerando o volume/árvore obtido para estas regiões, a conservação deve aliar a finalidade de aproveitar o potencial local para o melhoramento e manejo florestal

ASSUNTO(S)

conservação

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