Ecologia populacional de Hylodes asper (Anura: Leptodactylidae: Hylodinae) : dinamica e aspectos alimentares

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Os anuros leptodactilídeos da sub-família Hylodinae, endêmicos de riachos de Mata Atlântica, são muito pouco estudados, e quase nada é conhecido sobre a ecologia das populações de adultos. Neste trabalho, uma população de Hylodes asper foi acompanhada durante um ano, com objetivo de determinar a dinâmica populacional e os hábitos alimentares. Foi observada uma baixa densidade bruta, mas uma alta densidade ecológica, considerando apenas a área dos riachos ocupados pela espécie. A estrutura etária da população variou sazonalmente, sendo composta principalmente por adultos no início da estação reprodutiva, em novembro, por adultos e juvenis recém metamorfoseados o pico da estação reprodutiva, em janeiro e principalmente por juvenis no final da estação reprodutiva. Os indivíduos estudados apresentaram crescimento contínuo. Os jovens apresentaram taxas de crescimento maiores que as dos adultos. Os juvenis que completaram seu desenvolvimento larval durante o verão, cresceram rapidamente ao longo do ano, atingindo a maturidade sexual já com um ano de vida. Os machos aparentemente cresceram em taxas menores que as fêmeas, que chegaram a apresentar, com a mesma idade, até 4 mm a mais que os machos adultos. O método de lavagem estomacal foi testado e adaptado com sucesso para o uso em anuros pequenos. A dieta de Hylodes Asper foi extremamente diversificada, com presas terrestres, aquáticas e aéreas pertencentes a mais de 20 ordens taxonômicas. Foi observada uma variação ontogenética na dieta. Indivíduos maiores de H. Asper passaram a utilizar presas grandes, sem deixar de utilizar as pequenas. Além do tamanho, houve uma variação nas proporções utilizadas das categorias de presas em função do tamanho do anuro. Esta variação pode ser explicada em parte pela compartimentalização do tamanho dos taxons dos artrópodos, mas também por uma diferença nos hábitos dos anuros e de suas presas. Os jovens utilizaram mais presas aquáticas, enquanto que os adultos utilizaram mais presas terrestres. Foi registrado um padrão consistente na distância de fuga. Tanto no dia ensolarado quanto no nublado a fuga ocorria a uma maior distância pela manhã, diminuindo próximo ao meio-dia e voltando a aumentar a tarde. Este padrão foi mais evidente no dia ensolarado. Também foi encontrada uma variação da distância de fuga em função da idade do animal. Os juvenis apresentaram uma menor oscilação na distância de fuga, sendo mais tolerantes à aproximação de um predador em potencial

ASSUNTO(S)

alimentos população ecologia animal

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