Ecologia e comportamento de Liolaemus lutzae (Sauria: tropiduridae) em uma area de restinga do sudeste do Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1992

RESUMO

o endemismo de Liolaemus lutzae (fig 1) torna este lagarto uma das espécies animais mais caracteristicas do Estado do Rio de Janeiro. Este pequeno tropidurideo é endêmico das áreas de dunas e praias de restinga, seu habitat caracteristico (Fig 2), sendo encontrado apenas ao longo de 200 km da costa do Estado, entre a Restinga da Marambaia ao sul, e as praias de Cabo Frio, ao norte (Vanzolini &Ab Saber, 1968; Rocha, ; 1986; 1992) (Fig. 3). Em Barra de Maricá, uma restinga localizada a aproximadamente 38 km a leste da cidade do Rio de Janeiro (Fig 3), ocorrem nove espécies de lagartos mas, L. lutzae é a única que vive no habitat de praia. O mesmo ocorre em todos os habitats de praia do Estado em que L. lutzae é encontrado. Esta exclusividade no habitat de praia pode resultar das caracteristicas deste ambiente, que podem restringir o sucesso na ocupação para muitas espécies de répteis. A restinga da Barra de Maricá é uma área situada em região tropical, com acentuada sazonal idade na pluviosidade, resultando em uma estação de chuvas no verão (dezembro a março) e uma estação seca no inverno (junho a setembro). Em ambientes marcados por sazonalidade na precipitação, em geral, ocorrem marcadas variações na abundância de artropodos ou na produtividade em geral (Pipkin, 1965; Ballinger &Ballinger, 1979; Janzen &Schoener, 1968). Essas variações na umidade ambiental e, consequentemente, nos recursos disponiveis pode influenciar as populações de lagartos vivendo nessas áreas. fazendo-as mudar em numero e densidade como resposta às variações do ambiente (Dunham, 1983) . A sazonalidade em Barra de Maricá, portanto, provavelmente influi nos parâmetros populacionais de L. lutzae (veja Capitulo 1). o habitat de praia é uma área com baixa produtividade em termos de artrópodos (veja Capitulo 3), que constituem o principal recurso alimentar para muitas espécies de lagartos, especialmente as de pequeno tamanho. Isto pode exigir que para um espécie de lagarto ocupar o habitat de praia, ela tenha de explorar fonte alternativa e/ou outras fontes disponiveis de alimento tais como as plantas. Contudo, o consumo de plantas por lagartos encontra restrições fisiológicas. Devido principalmente à dificil digestão da celulose e resulta em necessidades térmicas adicionais (Pough. 1973). Um ambiente tropical aberto, de substrato arenoso e com cobertura vegetal rala, recebendo considerável grau de insolação, resulta em temperaturas ambientais elevadas durante grande parte do dia (veja Capitulo 2), que podem ser letais para répteis. Isto requer a utilização seletiva das fontes de calor ambiental para a regulação da temperatura corpórea. Assim, as necessidades térmicas de L. lutzae provavelmente interagem com sua estratégia alimentar, influenciando o grau de herbivoria da espécie. Por outro lado, a taxa de consumo de plantas por um lagarto pode por sua vez influenciar a riqueza de espécies e a abundância de nematódeos endoparasitas do seu tubo digestivo. que necessitam de artropodos como hospedeiros intermediários (veja capitulo 4). Muitos predadores possuem sua eficiência de caça aumentada em áreas abertas. Por consequência estas áreas possuem elevado risco de predação, requerendo mecanismos apropriados de escape a predadores e coloração vantajosa nesse tipo de habitat (veja Capitulo 5). Na presente tese, ao longo de 5 capitulos estudo diferentes aspectos da ecologia e do comportamento da Lagartixa-da-areia Liolaemus lutzae os quais se influenciam mutuamente e em parte auxiliam a explicar porque esta seria a única espécie de lagarto a ocupar com sucesso o habitat de dunas e praias de restinga do Rio de Janeiro

ASSUNTO(S)

sudeste - aspectos ambientais lagarto - brasil ecologia

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