Ecologia alimentar de Characidium vidali Travassos, 1967 no Rio Macaé (RJ) revelada através de quatro ferramentas complementares

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/09/2011

RESUMO

A ecologia trófica do peixe Characidium vidali Travassos 1967 (Characiformes; Crenuchidae) no rio Macaé (RJ) é descrita através de análise de conteúdo estomacal (ACE), análise de isótopos estáveis de δ13C e δ15N (AIE), ecomorfologia (EMorf) e observação subaquática (OSub). Os exemplares analisados foram coletados entre março/2004 e março/ 2005 (ACE e EMorf), e entre março/2009 e novembro/2010 (ACE e AIE) em três localidades distribuídas nos trechos alto e médio do rio Macaé (RJ). Além dos peixes, para AIE foram coletados recursos basais (perilíton, perifíton, plantas terrestres e macrófitas) e insetos aquáticos. Os itens identificados no conteúdo estomacal foram medidos, contados e quantificados por análise volumétrica. Para caracterização da dieta foi utilizado o Índice de Importância Relativa (IRI), amplitude de nicho (Simpson) e estratégia alimentar (método gráfico). Foi identificado um total de 36 itens na dieta, sendo 35 de origem autóctone. A espécie consome grande riqueza de insetos aquáticos em proporções similares, tanto espacial (ao longo do rio) quanto sazonalmente (Índice de Pianka). Chironomidae, Simuliidae e Baetidae foram os itens mais importantes de acordo com IRI. A dieta de C. vidali foi classificada como generalista, com ampla largura de nicho. Os itens mais assimilados em músculo de C. vidali e nos insetos aquáticos foram determinados por um modelo de mistura (Programa IsoSource 1.3.1). O carbono de origem autóctone é o mais importante para os insetos aquáticos e consequentemente, para C.vidali. As assinaturas de 13C no tecido dos peixes foram significativamente diferentes entre as localidades, indicando assimilação espacial diferente. O grau de palatabilidade, estimado pela razão C:N, foi maior para perifíton e Lepidoptera. Chironomidae foi o item mais abundante, porém não foi o mais assimilado em todas as localidades. A posição trófica (PT) foi calculada com base nos dados de conteúdo estomacal e resultados de δ15N, sendo que ambos os métodos indicaram C. vidali como consumidor secundário. Foram selecionadas 16 medidas morfológicas e calculados 11 índices a fim de verificar a relação entre morfologia e comportamento trófico. Os resultados dos índices são semelhantes aos encontrados para outras espécies congenéricas. A regressão linear entre tamanho de C. vidali e de dois dos itens mais abundantes na sua dieta, apontou que não há seleção de presas maiores conforme os peixes crescem de tamanho; no entanto, indivíduos menores consomem somente presas de menor porte, provavelmente por restrições morfológicas, provavelmente relacionadas a Largura relativa da boca (LRB) e Altura relativa da boca (ARB). A observação subaquática foi realizada através do método Animal-focal, revelando que C. vidali é uma espécie mais bentônica, que vive em ambientes de correnteza moderada a forte, substrato pedregoso, afastado das margens e utiliza a tática Sit-and-wait predation para se alimentar. Os quatro métodos aplicados em conjunto se mostraram satisfatórios para caracterizar a ecologia alimentar de C. vidali

ASSUNTO(S)

dieta isótopos estáveis ecomorfologia peixes diet stable isotopes ecomporphology fish ecologia

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