Ecofisiologia de Aldina heterophylla Spruce Ex Benth em um gradiente vegetacional na Amazônia Central

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/04/2009

RESUMO

O bioma Amazônico é caracterizado por uma grande variabilidade de paisagens e tipos florestais, dentre eles a Campina (CP) e Campinarana (CR). A CP representa uma paisagem de vegetação de porte baixo (3-4m), aberta e escleromórfica, em solos arenosos oligotróficos, CR por uma paisagem menos aberta, com porte médio (10-15 m) em solos arenosos com a presença de grande quantidade de serrapilheira. Muitas dúvidas a respeito da dinâmica do gradiente vegetal CP, CR e Floresta Ombrófila (FO) ainda persistem. Assim, diante destas incertezas pode-se propor que as possíveis mudanças climáticas globais, que prevê aumento da temperatura e mudança dos regimes pluviométricos já nas próximas décadas, podem alterar a dinâmica deste gradiente. Neste contexto este trabalho teve como objetivo geral analisar aspectos ecofisiológicos de Aldina heterophylla, presente ao longo de todo o gradiente CP-CR-FO, investigando o efeito de fatores abióticos, como luz, água e nutrientes, em folhas maduras de indivíduos adultos. Para tanto, análises anatômicas, fisiológicas e bioquímicas foram realizadas. O trabalho de campo foi desenvolvido na Reserva Biológica de Campina do INPA, localizada no km 60 da rodovia BR-174, Manaus - Boa Vista (2 34 S; 60 02 W). Os resultados demonstraram que os indivíduos de A. heterephylla na CR estão mais vulneráveis as flutuações microclimáticas, fato observado principalmente pelo índice de desempenho do fotossistema II. Por outro lado, observou-se que os indivíduos na CP apresentam alta capacidade de aclimatação a altas irradiâncias e temperatura. Adicionalmente, verificou-se que as diferenças morfológicas observadas entre as árvores de A. heterophylla nas diferentes formações, principalmente quanto à estatura, pode ser reflexo das taxas respiratórias, maiores para CP, que implica em um menor acúmulo de biomassa, e menor para FO, que resulta em maior acúmulo. Ao longo do gradiente A. heterophylla apresentou diferentes estratégias quanto à utilização da água. Na FO os indivíduos estão mais aclimatados as menores disponibilidades hídricas, utilizando mais eficientemente este recurso, e na CP utilizam-se deste recurso possivelmente para evitar situações de fotodano. Na CR apresentaram um menor desempenho na utilização deste recurso. A variação nutricional no solo foi grande entre as profundidades analisadas, aspecto demonstra grande importância da serrapilheira na disponibilidade de nutrientes. Apesar das grandes diferenças observadas quanto aos teores de nitrogênio foliar, estas não influenciaram nas respostas fotossintéticas, que demonstra alta plasticidade fisiológica para a espécie, podendo ser comprovada pela alta eficiência na utilização de nitrogênio principalmente na CP. Características morfológicas foram moduladas possivelmente pelas variações microclimáticas e edáficas, como observado na área foliar, área foliar específica e possivelmente na ontogenia do parênquima paliçádico e lacunoso. Dessa forma conclui-se que a menor capacidade de aclimatação dos indivíduos de CR pode reduzir sua ocorrência nestas áreas frente às possíveis mudanças climáticas, convergindo em um ambiente que apresente características fitofisionômicas similares ao que observa atualmente para CP, podendo aumentar assim, estas áreas na vegetação amazônica.

ASSUNTO(S)

aldina heterophylla morfologia ecofisiologia fotossíntese campina amazônia campinarana amazônia mudanças climáticas botanica

Documentos Relacionados