Duas definições comportamentais de punição : história, conceitos e implicações

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Atualmente as principais definições de punição em Análise do Comportamento são: a definição de Skinner (1953/2003) e a definição de Azrin e Holz (1966/1975). O presente artigo tem como objetivo explicitar os aspectos mais relevantes de cada uma dessas definições. Para atingir tal objetivo, estratégias variadas de busca bibliográfica foram realizadas, dentre elas, buscas com palavras-chave nas bases de dados PsycINFO e Scielo e recuperação de textos clássicos do assunto. Com base na leitura dos textos recuperados realizou-se a descrição de alguns aspectos históricos destas duas formulações e discutiram-se algumas das implicações decorrentes de cada uma delas. Constatou-se que essas definições implicam diferentes concepções de punição. Para Skinner, punição é entendida como um “procedimento”, o qual ele define pela apresentação de um estímulo reforçador negativo ou retirada de um positivo. Skinner considera que o efeito direto da punição (supressão de respostas) é, geralmente, temporário e que este procedimento apresenta efeitos indiretos (subprodutos emocionais e fortalecimento de respostas incompatíveis com a resposta punida), que são, na maioria das vezes, prejudiciais para o indivíduo punido e para a sociedade. E para explicar punição Skinner estabelece que os seus efeitos são explicados pelo processo de reforçamento negativo. Para Azrin e Holz punição, além de um procedimento, é também considerada um processo comportamental, caracterizado pela redução na probabilidade do comportamento. Autores favoráveis a essa definição, geralmente argumentam que os subprodutos emocionais da punição, apontados por Skinner, são decorrentes do tipo de estimulação utilizada e não uma particularidade do procedimento. Nessa concepção de punição, a eficácia em suprimir respostas é tida como resultante do arranjo adequado de contingências e a explicação de seus efeitos supressores se dá pela relação direta entre o comportamento e a conseqüência, assim como se supõe quanto ao reforço positivo, mas em direção oposta. No campo aplicado essas distinções resultam em uma polaridade entre autores incondicionalmente contrários ao uso de punição e autores que defendem seu uso para situações críticas, com o uso de estímulos aversivos moderados. No campo teórico cada definição tende a derivar linhas de pesquisa distintas. Skinner parecia mais interessado no estudo dos efeitos do uso de estimulação aversiva. Já Azrin e Holz pareciam buscar as condições e estímulos apropriados para se suprimir uma determinada classe de respostas. Outro aspecto teórico, decorrente desses diferentes posicionamentos, que se destaca, diz respeito ao papel da punição na teoria operante: Punição deveria afigurar-se apenas como um procedimento ou deveria também ser considerada um princípio comportamental? Com os dados aqui apresentados e discutidos, pretendeu-se contribuir para uma melhor compreensão dos diferentes posicionamentos de analistas do comportamento a respeito deste complexo tema: a punição.

ASSUNTO(S)

comportamento - análise reforço (psicologia) estímulos aversivos (psicologia) punição (psicologia) behavior analysis reinforcement (psychology) aversive stimuli (psychology)

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