Drogas vegetais psicoativas comercializadas nas ruas da cidade de Diadema: risco no seu consumo / Psychoative herbs commercialized in streets of Diadema (SP, Brazil): risk in its consumption

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/11/2009

RESUMO

O comércio popular de drogas vegetais sem a garantia da qualidade implica em risco sanitário. O presente estudo fez uma análise interdisciplinar da rede de comércio de drogas vegetais (DVs) com foco nas drogas vegetais psicoativas (DVPs), disponíveis no comércio popular da Cidade de Diadema, e os riscos associados ao seu consumo. Métodos da etnofarmacologia, tais como: entrevistas informais, semi-estruturadas e observação participante foram utilizados para a realização do trabalho de campo; durante o qual, selecionaram-se quatro comerciantes, a fim de registrar a obtenção, manipulação, acondicionamento e tipos de DVs comercializadas. Foram registradas 63 DVs que remetiam a atividade psicoativa (DVPs) e, categorizadas em estimulantes (67%), depressoras (27%), depressoras e estimulantes (1%) e finalmente algumas não puderam ser definidas (5%). Essas DVPs tiveram seus nomes populares, forma de preparo e uso, partes utilizadas, contraindicações e doses registradas. Dezoito das 63 DVPs foram selecionadas segundo critérios do estudo, e seus lotes foram adquiridos dos entrevistados, a fim de serem analisados pela microbiologia (61 lotes) e farmacognosia (somente 22 daqueles, referentes a apenas 8 DVPs). Os resultados obtidos por essas áreas, somados a consultas em literaturas científicas, acerca de descrições de reações adversas, serviram de subsídio para a análise final dessas DVPs no contexto da farmacovigilância. Observaram-se deficiências principalmente na manipulação e acondicionamento das DVs por parte dos comerciantes, favorecendo sua contaminação e degradação. Os resultados das análises microbiológicas detectaram que 16% das DVPs analisadas apresentaram populações de bactérias (aeróbias e enterobactérias) superiores a 105 UFC/g e 31%, populações de fungos (bolores e leveduras) superiores a 103 UFC/g e a presença de espécies microbianas indicadoras de risco em 17 DVPs, especificamente em 74% dos 61 lotes, além de fungos produtores de aflatoxinas B1 e/ou B2 em quatro deles. Os resultados da farmacognosia demonstraram que 73% dos lotes foram reprovados ao menos em um dos demais parâmetros analisados (presença de contaminantes, caracterização e perfil cromatográfico). Sendo que, 50% dos 22 lotes analisados não coincidem com as especificações da farmacopéia e 36% apresentaram contaminação por outros órgãos vegetais, superior ao permitido nas monografias e um lote apresentou contaminação por insetos. Todos os 22 lotes foram reprovados na avaliação do rótulo (nomenclatura e validade) e praticamente todas as embalagens foram consideradas inadequadas. Além dos dados obtidos nessas análises, descrições de contra-indicações, efeitos adversos e interações medicamentosas foram encontradas na literatura científica para as 3 DVPs que tiveram sua identidade confirmada pela farmacognosia (camomila, ginkgo biloba e guaraná). Os resultados obtidos nesse estudo possibilitam observar as prioridades de adequação sanitária do comércio popular de DVs, bem como, traçar um perfil da qualidade das DVPs comercializadas segundo os parâmetros analisados. Conclui-se que essas DVPs reúnem importantes fatores capazes de causar danos à saúde dos consumidores, especialmente para alguns grupos como gestantes e indivíduos imunossuprimidos.

ASSUNTO(S)

plantas medicinais farmacognosia medicina preventiva etnofarmacologia microbiologia toxicologia

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