Doença de Crohn e cálculo renal: muito mais que coincidência?
AUTOR(ES)
Viana, Maria Lenise Lopes, Pontes, Rose Meire Albuquerque, Garcia, Waldir Eduardo, Fávero, Maria Emília, Prete, Denise Cavenaghi, Matsuo, Tiemi
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007-09
RESUMO
RACIONAL: A doença de Crohn é uma doença inflamatória intestinal que pode estar associada a várias complicações e manifestações que são secundárias ao processo inflamatório de base. Em aproximadamente 30% dos pacientes têm sido encontradas manifestações extra-intestinais. A nefrolitíase é uma delas e a formação de cálculos é mais comum nestes pacientes do que na população em geral, principalmente cálculos de oxalato de cálcio. OBJETIVOS: Avaliar os fatores metabólicos urinários potencialmente envolvidos na formação de cálculos renais em pacientes com doença de Crohn. MÉTODOS: Foram avaliados 29 pacientes com doença de Crohn atendidos no Ambulatório de Doenças Inflamatórias do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina, PR, no período de janeiro a dezembro de 2004. A avaliação metabólica incluiu medidas séricas e urinárias de substâncias relacionadas à litíase renal, ultra-sonografia de rins e vias urinárias e cálculo da supersaturação urinária para o oxalato de cálcio, ácido úrico e fosfato de cálcio. RESULTADOS: Dos 29 pacientes avaliados, 65,5% eram do sexo feminino e 34,5% do masculino. As principais alterações metabólicas urinárias encontradas foram 72,41% de hipocitratúria, 41,4% de hipomagnesiúria, 13,6% de hiperoxalúria e 17,24% de baixo volume urinário. Foram encontrados cálculos renais em 13 pacientes (44,8%). Os pacientes submetidos a cirurgia intestinal, com ressecção ileal, apresentaram alterações na saturação urinária de oxalato e fosfato. Para a comparação das médias, utilizou-se o teste de Mann-Whitney e para determinar a associação entre as variáveis foi utilizado o teste do Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher com um nível de significância de 5%. CONCLUSÃO: A freqüência de pacientes com cálculos renais foi maior que a encontrada na população geral e acima do descrito em trabalhos similares. As alterações encontradas como hipocitratúria e a hipomagnesiúria, que representam fatores de risco reconhecido para a formação de cálculos, devem ter participação ativa nestes resultados. O impacto dessas alterações, medido pela saturação urinária elevada de oxalato e fosfato de cálcio, representa uma das maneiras de se demonstrar como estes fatores predispõem à nucleação de cristais e, conseqüentemente, à formação de cálculos nas vias urinárias.
ASSUNTO(S)
doença de crohn cálculos renais oxalato de cálcio