Doença de Alzheimer: um estudo sobre o papel das filhas cuidadoras e suas relações familiares
AUTOR(ES)
Deusivania Vieira da Silva Falcão
DATA DE PUBLICAÇÃO
2006
RESUMO
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, e uma de suas principais conseqüências é o fato de atingir todo o sistema familiar. Esta pesquisa objetivou investigar as relações familiares das filhas cuidadoras de pais/mães com possível/provável diagnóstico de Alzheimer. A amostra foi composta por 32 filhas e seus respectivos pais (6 pais e 26 mães). A partir da revisão bibliográfica elaborou-se uma entrevista aberta com roteiro semi-estruturado. Sua aplicação foi gravada, transcrita e, posteriormente, analisada segundo a técnica de Bardin. Também foi utilizado o FAST (Family System Test), instrumento que consiste em um processo de investigação bidimensional destinado a realizar uma análise estrutural e sistêmica das percepções dos sujeitos sobre as relações familiares. Os resultados apontaram que ao receber a notícia do diagnóstico, a maioria das filhas cuidadoras e de seus familiares reagiu de maneira desfavorável. Antes e após a doença, a subcategoria mais destacada por elas foram as relações familiares desfavoráveis (conflitos). A maioria delas nutria um sentimento de obrigação filial e gratidão perante os pais motivos mais apontados para justificar o exercício deste papel. Verificou-se também que elas percebiam uma inversão hierárquica de poder em relação às mães com Alzheimer, ou seja, antes da doença, não tinham poder sobre estas, mas depois passaram a ter. Todavia, constatou-se que elas gostariam de exercer menos tal autoridade, revelando o descontentamento diante do fato de se sentirem, por vezes, mães das próprias mães. Embora as cuidadoras tenham percebido a inversão hierárquica em relação às mães, não apresentaram diminuição do vínculo afetivo (coesão) com as respectivas mães, permanecendo o que sentiam antes da doença. Isso confirmou que coesão e hierarquia são construtos independentes. Conclui-se pela importância de políticas públicas de saúde que divulguem e esclareçam o mal de Alzheimer, prestando apoio aos pacientes e seus familiares. Outrossim, deveria ser incentivada a busca pelos profissionais, logo que surgissem os primeiros sintomas da doença, favorecendo o tratamento e a promoção de saúde da família. O domínio das informações acerca da enfermidade pode favorecer o sistema familiar a tomar decisões e a efetivar medidas práticas, contribuindo para o equilíbrio emocional dos membros.
ASSUNTO(S)
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ACESSO AO ARTIGO
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