Do estado da universidade: metida num sarcófago ou no Leito de Procrustes?

AUTOR(ES)
FONTE

Avaliação (Campinas)

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-11

RESUMO

Este ensaio chama a atenção para a grave doença que atingiu a Universidade nos nossos dias. O recurso à metáfora do 'sarcófago' e do 'Leito de Procrustes' visa: acentuar o facto de que a Universidade está a abandonar a sua missão tradicional e a sofrer transformações perigosas; expressar a esperança de que ela se liberte das forças que a constrangem e consiga ressuscitar numa forma nova. Com efeito, a Universidade está sendo capturada pela ideologia, pelo pensamento, pela terminologia e pelos interesses do neoliberalismo e do mercado. Consequentemente, ela perde autonomia e voz e deixa de ter identidade, linguagem e pensamento próprios. Em vez de ser uma instituição ao serviço da Humanidade, da sociedade, da cultura, da democracia e da liberdade, a Universidade torna-se um fator e instrumento de propagação das doutrinas e receitas dos potentados financeiros e 'mercadológicos'. Tudo isto é bem visível no 'reformismo' e nas orientações da sua reorganização e governação, na oferta e no perfil dos seus cursos. Tal como o mercado, a Universidade já não oferece nada; só vende. Assim, a Universidade é cúmplice e corresponsável pela crise civilizacional, cultural, ética, moral e social que grassa no mundo. Em conclusão, a Universidade está a tornar-se uma instituição humana e socialmente irrelevante, sem capacidade de irradiar influências exemplares e positivas. Para reverter a situação, os protagonistas da Universidade têm que a tirar do 'sarcófago' ou do 'Leito de Procrustes', no qual, por ação ou omissão, a deixaram aprisionar.

ASSUNTO(S)

universidade neoliberalismo mercado crise de identidade necessidade de renovação

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