Divulgação científica como literatura e o ensino de ciências. / Scientific spreading as literature and the science teaching.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Esta tese versa sobre as potencialidades da divulgação científica como literatura para o ensino de ciências. Fundamenta-se em autores que contribuem para problematizar a divulgação científica, como Ana Maria Sanchéz Mora, José Reis, João Zanetic, Mônica Teixeira e Ângelo Machado. Fundamenta-se, também, nos pressupostos de uma educação humanizadora e ancora-se, quanto a esse aspecto, nas contribuições de Paulo Freire. Para reflexão sobre o resgate do sentido do trabalho escolar, foram fundamentais as contribuições de Bernard Charlot. A partir das reflexões geradas pelo diálogo com a bibliografia consultada, a discussão prioriza obras que têm como centralidade uma concepção de ciência pautada pela presença de contradições e conflitos, uma ciência inserida no plano da cultura e compreendida como processo vivenciado por cientistas - sujeitos também inseridos em contextos - uma ciência, portanto, marcada por dilemas humanos. Diferenciando a divulgação científica canônica da divulgação científica não canônica, este trabalho realiza uma análise de narrativas presentes em obras não canônicas de literatura, a saber, 2001- odisséia no espaço, de Arthur Clarke, O dilema do bicho-pau, de Ângelo Machado, Contato, de Carl Sagan e Os meninos da Planície, de Cástor Cartelle. Na análise das obras foram priorizadas as contribuições específicas para a compreensão da ciência como produção cultural e das potencialidades humanizadoras que tem o ensino de ciências voltado para compreensão de aspectos da subjetividade humana e dos conflitos da existência. Nas obras analisadas, foi possível perceber uma ênfase narrativa tipicamente mitológica, marcada por situações conflitantes, em, por exemplo, se realiza a polarização entre medo e encanto, desejo e possibilidade, sonho e experiência. Foi possível localizar também uma opção narrativa pela imaginação criadora, pela capacidade humana e por sua potencialidade criativa, elementos que são, nesse caso, motes fundamentais para reflexão sobre a vida humana e também sobre a ciência; uma ciência produzida a partir de injunções sociais e contextuais, levada a cabo por pessoas reais, também, portadoras de uma dimensão humana e subjetiva. Nas obras selecionadas, foi possível perceber uma provável contribuição para renovação do ensino de ciências, pois sua centralidade recai sobre a reflexão acerca da humanização dos sujeitos e não sobre a transmissão de conteúdos da ciência, embora essa dimensão, a da formação científica, esteja inequivocamente presente em todas elas, sem prejuízos.

ASSUNTO(S)

humanism scientific spreading humanismo science teaching ensino de ciências divulgação científica

Documentos Relacionados