Diversity and use of medicinal plants of Quilombolas Kalunga and urban communities, in Northeast State of Goiás GO, Brazil / Diversidade e uso de plantas medicinais por comunidades quilombolas Kalunga e Urbanas, no nordeste do estado de Goiás-GO, Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Comunidades tradicionais são consideradas como detentoras de grande conhecimento sobre a diversidade vegetal comparadas a populações urbanas. Neste estudo foi comparada a diversidade de plantas conhecidas por comunidades quilombolas Kalunga e populações urbanas, em três municípios no nordeste do Estado de Goiás: Teresina de Goiás, Cavalcante e Alto Paraíso de Goiás. Este levantamento etnobotânico trás informações sobre o uso de plantas nativas do cerrado para fins medicinais tendo como alvo quatro comunidades Kalunga (Emas, Limoeiro, Ribeirão de Bois e Engenho II) e quatro populações urbanas (Teresina de Goiás, Cavalcante, Alto Paraíso de Goiás e São Jorge). Foram inventariadas as espécies vegetais usadas pelas comunidades Kalunga e urbanas, associando este conhecimento às tradições locais. As informações etnobotânicas foram obtidas através de entrevistas realizadas por meio de questionários pré-estruturados contendo as características sócio-econômicas dos entrevistados, características botânicas e ecológicas das plantas e seus usos terapêuticos. O indivíduo adulto responsável da residência foi selecionado para ser entrevistado. As plantas citadas foram enquadradas em categorias de uso (alimentação, construção, medicinal e outros) e na parte da planta utilizada. Com relação ao aspecto botânico, foi considerado o hábito das plantas (arbóreo, arbustivo, subarbustivo, herbáceo, liana, palmeira e rasteira) e os modos de obtenção (nativa, cultivada, introduzida e comprada). Das 4.204 citações de uso, catalogou-se 358 espécies, 206 gêneros e 89 famílias. As categorias de uso foram alimentar (24,9%), medicinal (78,5%), construção (14,2%) e outros (7,3%). Observou-se que as espécies vegetais citadas têm uma gama considerável de utilização humana para quase todos os tipos de hábitos. Cerca de 60% das plantas citadas pelas comunidades Kalungas são nativas. O presente trabalho investiga o uso de plantas utilizadas através de índices de diversidade, ainda pouco explorados em trabalhos desta natureza. Utilizou-se os Índices de Shannon e Simpson para análise da diversidade de espécies, denotando que tanto as quatro comunidades Kalunga quanto as quatro populações urbanas estudadas possuem bom conhecimento da diversidade local, quando comparados à outros estudos etnobotânicos brasileiros. As análises de similaridade demonstraram um maior grau de agregação entre as comunidades Kalunga do município de Teresina de Goiás e entre as cidades estudadas. As curvas de coletor demonstraram que não há diferença entre o conhecimento e utilização de plantas medicinais entre as oito localidades estudadas, destacando-se Engenho II por um maior número de espécies citadas por esforço amostral. Este trabalho demonstra que o acervo de conhecimentos sobre as espécies vegetais e de como utilizar a biodiversidade local é característica da região nordeste do Estado de Goiás, não se restringindo apenas às comunidades quilombolas Kalunga, mas para a população em geral.

ASSUNTO(S)

ciencias agrarias ethnobotany, folk knowledge, cerrado práticas populares etnobotânica cerrado

Documentos Relacionados