Diversidade de Mimosa L. (Leguminosae) nos campos rupestres de Minas Gerais: taxonomia, distribuição geográfica e filogeografia / Mimosa L. (Leguminosae) diversity in the campos rupestres of Minas Gerais: taxonomy, geographical distribution and phylogeography

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Os campos rupestres ocorrem na Cadeia do Espinhaço (MG e BA) e em ilhas florísticas isoladas, em Goiás, no sudoeste e sul de Minas Gerais, Pará, Rondônia, Roraima, São Paulo e no Distrito Federal. Estes campos apresentam uma combinação de fatores físicos que, associados às adaptações das espécies ao ambiente e à evolução biótica em resposta à história climática e geológica da região, levam a uma alta diversidade biológica, que tem chamado a atenção de pesquisadores sobre sua conservação. Mimosa é um dos maiores gêneros de Leguminosae e o mais bem representado de Mimosoideae nos campos rupestres. Caracteriza-se pelas folhas bipinadas, foliólulos sésseis, o 1 par de cada pina comumente diferenciado em parafilídios, flores 3-5-6-meras, isostêmones ou diplostêmones, filetes alvos, róseos ou amarelos, livres ou curtamente monadelfos e frutos do tipo craspédio ou sacelo. Apesar de ser monofilético, apresenta diversos problemas de delimitação infraespecífica. Neste trabalho são apresentados a diversidade, os padrões de distribuição geográfica, o status de conservação das espécies de Mimosa dos campos rupestres de Minas Gerais (CRMG) e a filogeografia de M. radula. Os estudos foram baseados no exame de cerca de 4.000 espécimes de 23 herbários, observações de campo e coletas de material botânico nas Unidades de Conservação localizadas na Cadeia do Espinhaço e áreas disjuntas. São fornecidas descrições, chave de identificação, ilustrações e comentários sobre a taxonomia, nomes populares, usos, distribuição geográfica e hábitats preferenciais das espécies. Os critérios da IUCN foram utilizados para a determinação do status de conservação de cada táxon. A região trnD-trnT do genoma cloroplastídico foi usada para investigar a estrutura filogeográfica de M. radula. O gênero está representado nestes campos por 75 espécies, sendo este número 1,7 vezes maior do que o citado na literatura. A maior parte das espécies está incluída na seção Mimosa (31 spp), seguida pela seção Habbasia (19 spp) e Batocaulon (15 spp). Calothamnos apresenta nove espécies e Mimadenia, seção com menor representatividade, apenas uma. Os caracteres mais importantes na taxonomia do gênero foram os tipos de indumento e armamento, características foliares (especialmente número de pinas e foliólulos), forma do cálice e indumento e nervação dos lobos da corola. Doze espécies novas para a ciência estão sendo descritas e quatro sinonímias são propostas. As espécies apresentam distribuição em quatro macrorregiões: ampla distribuição geográfica (1%), América tropical (3,1%), América do Sul (12,4%) e restritos ao Brasil (83,5%). Entre os táxons restritos ao território brasileiro, foram definidos sete padrões de distribuição: amplamente distribuídos (1,2%), Brasil Central (12,4%), Brasil Meridional (1,2%),Brasil Sudeste (7,4%), campos rupestres de Minas Gerais e de Goiás (9,8%), endêmicos da Cadeia do Espinhaço (9,8%) edistribuição restrita aos campos rupestres de Minas Gerais (58,2%). Quanto ao status de conservação, foram incluídos na categoria não ameaçado 31,1% dos táxons, quase ameaçado, 9,3%, vulnerável, 21,6%, em perigo, 19,6% , criticamente em perigo, 14,4%, e provavelmente extinto, 3%. A alta taxa de endemismo de Mimosa nos CRMG corrobora a importância do gênero nestes campos e ultrapassa os 30% estimados para sua flora. Os resultados encontrados revelam que 38 táxons deveriam ser incluídos na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção de Minas Gerais, sendo que as principais ameaças, às quais estes táxons estão submetidos, são a degradação do seu hábitat ou a perda do mesmo. A análise filogeográfica de 13 populações provenientes de quatro variedades de M. radula, coletadas em Minas Gerais e Goiás, identificou 15 haplótipos. Os haplótipos não foram compartilhados entre variedades e uma única rede contendo todos os 15 haplótipos foi obtida. Os resultados deste trabalho enfatizam a importância de estudos da flora brasileira, a nível regional, para a definição de áreas com alta diversidade de espécies e para subsidiar programas para a conservação da biodiversidade.

ASSUNTO(S)

botanica leguminosae mimosa campos rupestres distribuição geográfica conservação minas gerais leguminosae mimosa campos rupestres geographical distribution conservation minas gerais

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