Diversidade de mariposas arctiidae (lepidoptera) do cerrado

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O bioma Cerrado ocupa 23% do território brasileiro e abriga aproximadamente um terço da biot estimada para o país. Apesar disso, a fauna, principalmente de invertebrados, é ainda pouco estudada O principal objetivo desta tese é conhecer os padrões de diversidade beta, de distribuição espacial e d descrição das espécies da família Arctiidae (Insecta, Lepidoptera) no Cerrado. Este trabalho é resultado de uma ampla revisão bibliográfica, de coletas realizadas em 14 áreas de Cerrado e do exam de exemplares depositados em dez coleções brasileiras. A tese está organizada em três capítulos. O primeiro, nomeado de Arctiidae (Lepidoptera) do Cerrado: padrões de distribuição espacial composição, riqueza, áreas de endemismos e afinidades com outros biomas brasileiros, descreve o padrões de distribuição espacial das mariposas da família Arctiidae no Cerrado. Adicionalmente, apresentada a primeira lista detalhada de espécies de Arctiidae do Cerrado, a riqueza do táxon n bioma, as regiões de endemismos, as áreas onde a fauna dessas mariposas é pobremente conhecida e a afinidades da fauna do Cerrado com os outros biomas brasileiros. Os dados sobre as mariposa Arctiidae foram obtidos através de pesquisas em coleções, de coletas e da literatura. Foram analisado mais de 5.000 indivíduos de 686 espécies, em 110 localidades do Cerrado. A riqueza de espécie encontrada no Cerrado representa 49,3% da fauna registrada para o Brasil e 11% das espécies do neotrópicos. Das 60 quadrículas que cobrem o bioma, apenas 58% apresentaram registros de coleta d Arctiidae e apenas a quadrícula da região de Brasília foi razoavelmente inventariada. Praticamente nã existem registros de coleta na região nordeste do Cerrado. Somente 8,3% das espécies foram endêmica do bioma. As localidades e as quadrículas com maior número de espécies endêmicas foram Vilhena Diamantino, Santa Bárbara e Brasília. Setenta e três por cento das espécies de Arctiidae do Cerrado sã compartilhadas com a fauna da Mata Atlântica e 59% com a da Amazônia. Os resultados sugerem qu a riqueza de Arctiidae no Cerrado poderá aumentar significativamente com o aumento do esforço amostral, seja pela descoberta de espécies novas ou pela ampliação da distribuição geográfica das espécies já registradas. O segundo capítulo, nomeado de Composição de espécies de Arctiidae (Lepidoptera) em áreas de Cerrado, tem como principais objetivos descrever os padrões de diversidade beta em 14 áreas de Cerrado e analisar a relação entre o número de fitofisionomias e a riqueza de espécies desses lepidópteros. Foram coletados 1.016 indivíduos, de 197 espécies. Estimativas de riqueza utilizando Jackknife 2 e Chao 2 indicaram que a região deve conter, respectivamente, 375 e 383 espécies. A regressão entre a riqueza de espécies observada e o número de fitofisionomias existente nas áreas amostradas não foi significativa. A diversidade beta (distância de Sorensen) entre os localidades estudadas foi positivamente relacionada com as distâncias geográficas. A análise multivariada indicou que, com exceção de Pedregulho, as áreas do estado de São Paulo foram distintas daquelas dos estados de Goiás e Tocantins. Agrupando os localidades por fitofisionomia, foi verificado que a fauna das matas de galeria e dos cerradões foram similares e formaram um grupo distinto daquele composto por formações abertas (campo sujo e cerrado sentido restrito). Sugere-se que os tipos de vegetação e as distâncias geográficas sejam fatores importantes na determinação das assembléias de Arctiidae no Cerrado. O terceiro capítulo, nomeado de Fatores que influenciam a probabilidade de descrição das mariposas Arctiidae (Lepidoptera) do Cerrado, avalia os padrões das datas de descrição das mariposas Arctiidae da região nuclear do Cerrado e testa se os anos de descrição dessas mariposas estão associados com algumas características das espécies (tamanho do corpo, amplitude de distribuição geográfica, padrão de coloração, número de espécies no gênero e especificidade ao bioma). O ano de descrição e as variáveis preditoras foram obtidos da literatura e de espécimes de museus e a relação entre eles foi analisada por regressão múltipla. A amplitude da distribuição geográfica, o tamanho do corpo e a especificidade ao bioma foram preditores significativos da data de descrição dos arctiídeos do Cerrado. Para a subfamília Arctiinae, a amplitude da distribuição geográfica, a especificidade ao bioma, o padrão de coloração e o tamanho do corpo foram preditores significativos da data de descrição. Para a subfamília Lithosiinae, apenas o tamanho do corpo foi significativo. Não houve relações significativas entre o ano de descrição e o número de espécies co-genéricas em duas das três tribos de Arctiinae testadas (Pericopini e Phaegopterini). Entretanto, houve relação negativa para a tribo Arctiini, indicando que espécies de gêneros pequenos são descritas mais tardiamente que as espécies de gêneros mais ricos. Os resultados sugerem que as espécies de Arctiidae futuramente descritas serão endêmicas do Cerrado, de corpo pequeno e com distribuições mais restritas. Na subfamília Arctiinae, em adição a essas características, as espécies ainda não descritas no Cerrado brasileiro provavelmente terão coloração críptica. As espécies novas de Lithosiinae serão pequenas.

ASSUNTO(S)

cerrado inseto - cerrados arctiidae mariposas lepidoptera ecologia

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