Distribuição de biomassa seca em um sítio de cerrado sensu stricto no Brasil central

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Árvore

DATA DE PUBLICAÇÃO

2005-10

RESUMO

O Cerrado foi a principal fonte de lenha e carvão no Brasil, mas, apesar de ser uma das áreas mais conhecidas para conservação da biodiversidade no mundo, ainda não foram feitas plantações de espécies nativas e nem manejo sustentável foi adotado na região. O objetivo deste trabalho foi investigar a distribuição de biomassa e o potencial para produção de energia das espécies de cerrado. O estudo foi realizado em um sítio de cerrado sensu stricto na Fazenda Água Limpa (15º 56'14 '' S e 47º 46'08 '' W), na Reserva de Biosfera do Cerrado. Uma área de 63.54 ha foi dividida em lotes de 20 x 50m, e uma amostra casualizada que consiste em 10 destes lotes, representando 1,56% do local de estudo, foi avaliada. Todos os indivíduos lenhosos de 5 cm diâmetro a 30 cm acima do solo foram identificados e medidos. Cada indivíduo foi cortado, sendo os ramos mais finos que 3 cm descartados e os ramos e troncos maiores, ambos com casca, foram pesados separadamente. Em seguida, seções transversais de 2,5 cm foram removidas do tronco com casca a 0, 25, 50, 75 e 100% do comprimento. Uma amostra semelhante também foi removida na base de cada ramo. Foi encontrado um total de 47 espécies de 35 gêneros e 24 famílias, com uma densidade média de 673 indivíduos por ha. A distribuição de diâmetro apresentou uma forma J-invertida com 67% dos indivíduos até 13 cm, enquanto o diâmetro máximo foi de 32,30 cm. Sete espécies representaram 72% da biomassa total. Em geral, as espécies com produção mais alta por árvore estavam entre as de produção mais alta por ha. Esse conteúdo se distribuiu por classes de diâmetro, alcançando um máximo de 2.5 t/ha entre 9 e 13 cm e, então, diminuindo para 0,96 t/ha entre 29 e 33 cm de diâmetro. O seqüestro de carbono foi de 6,2 t/ha (até a fase atual de cerrado), baseado em uma média de conteúdo de 50% de carbono na matéria seca. O calor de combustão da madeira variou de 18,903 kj/kg a 20,888 kj/kg, com uma média de 19,942 kj/kg. As classes de menor diâmetro fixam mais carbono devido ao grande número de plantas pequenas por ha. Mas, para uma espécies que alcançou dimensões maiores e continha indivíduos em todas as classes de diâmetro, Vochysia thyrsoidea, pode-se verificar um aumento em fixação de carbono de 1,41 kg/ha na primeira classe (5 a 9 cm) para 138,3 kg/ha na última (25 a 33 cm). Isso indica que é possível selecionar espécies que alcançam tamanho maior com uma capacidade mais alta de acumulação de carbono por planta. As espécies que alcançaram dimensões maiores, com uma produção por árvore acima da média, e tiveram valores altos de poder calorífico foram Dalbergia miscolobium, Pterodon pubescens e Sclerolobium paniculatum. Essas espécies têm potencial para uso em plantações de combustível vegetal e manejo sustentável.

ASSUNTO(S)

cerrado savana poder calorífico da madeira biomassa e seqüestro de carbono

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