Dissidência e subordinação: um estudo dos grafites como fenômeno estético/cultural e seus desdobramentos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Pintados, escritos, raspados ou colados sobre muros e outras superfícies, os grafites tornam-se habituais nas grandes cidades. Apropriados pelos jovens como uma forma radical de expressão, constituem-se como um código diferente e especial e como uma marca da visualidade urbana. Espontaneamente deixados na rua, os grafites se apresentam como um tipo de manifestação aberta e híbrida, propícia a entrecruzamentos com a mídia, com a arquitetura, vindo a se firmar como uma forma de contestação política, poética e de afirmação social. A análise desses signos e escritas, proposta nesta dissertação se faz a partir de um percurso pelas ciências sociais, educação e filosofia, porém é centrada na arte, devido às fortes ligações que os grafites com ela mantêm, não apenas pelo uso de seu repertório visual, mas também por seu irrecusável envolvimento com os sentidos humanos, aisthesis. Este estudo procura rastrear a variedade de marcas que aparecem nos espaços públicos, a partir do início da expansão das metrópoles e que vêm a se desdobrar na contemporaneidade. Recorre à teoria crítica da arte e da estética e a depoimentos de grafiteiros e artistas de Belo Horizonte, cujas atuações estão articuladas, ou não, com projetos e espaços institucionalizados. Contempla, no entanto o entendimento dos grafites como um tipo de cultura ora de dissidência, ora de subordinação. Dissidência, quando aderem a formas de expressão de liberdade e de subversão estética, ética e política. E subordinação, quando apropriados pela mídia, pelo mercado e por órgãos oficiais. Percebendo ser nos interstícios e fronteiras dessas aproximações que reside o caráter emancipado dos grafites, esta dissertação não trata de definilos dentro de categorias precisas ou de construir certezas sobre o seu lugar legítimo, mas aponta perspectivas de seu entendimento como um tipo de arte própria de nosso tempo, cuja potência atinge dimensões políticas e sociais, na medida que inclui segmentos sociais que historicamente permaneceram privados de participação cultural. Até onde vão os limites da arte que possam abranger formas fluidas como os grafites? Através deles estamos diante de uma possibilidade de redefinição da esteticidade e de uma expansão dos sentidos da própria arte.

ASSUNTO(S)

arte e sociedade teses teses eba pichação de muros teses hip-hop (cultura popular jovem) teses estetica teses. grafite (arte) teses arte de rua teses

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