Dispersão de sementes de Euterpe edulis Martius (Palmae) em uma floresta ombrofila densa montana da encosta atlantica em Blumenau, SC

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

O presente estudo objetivou estudar o processo de dispersão de sementes de Euterpe edulis Martius na Floresta Ombrófila Densa Montana (FODM), visando caracterizar níveis de interação da espécie com classes comportamentais de animais dispersores. A escolha da espécie deveu-se ao seu grande potencial em manejo em regime de rendimento sustentado e à sua importância para a conservação da FODM. O estudo foi desenvolvido dentro da Fazenda Faxinal, Blumenau, Santa Catarina, Brasil. A população de plantas de palmiteiro estudada foi delimitada em 5,44 ha de floresta, onde foi feito um censo de indivíduos com estipe exposto. As plantas sem estipe exposto foram avaliadas em sub-parcelas. Foram acompanhadas todas as plantas adultas, durante os anos de 1992 e 1993, para a quantificação do número de inflorescências e infrutescências emitidas. Em um grupo de plantas foi acompanhado o tempo de permanência dos frutos maduros em cada planta e o período de maturação dos mesmos. Em 4 áreas de 1600 m2, 2 com e 2 sem palmiteiros adultos, foram avaliadas as distâncias e quantidades de sementes dispersadas. A dispersão secundária foi avaliada a partir de 20 plantas adultas da espécie, sob as quais foram colocados frutos e sementes, avaliados durante um ano. Os resultados indicam que a população local de E. edulis pode ser classificada nos estádios de tamanho: Plântula, Jovem I, Jovem II (estes três grupos considerados como formadores do banco de plântulas), Imaturo I, Imaturo II e Adulto. O padrão de distribuição espacial registrado foi do tipo aleatório, para as plantas imaturas e adultas, e o padrão agrupado, para o banco de plântulas. Verificou-se uma acentuada aglomeração dos indivíduos do banco de plântulas ao redor das plantas parentais. A produção de inflorescências e infrutescências foi distinta durante os dois anos de estudo. Os indivíduos adultos apresentaram, em média, 1,7 inflorescências/ano e 1,4 infrutescências/ano. Constataram-se frutos maduros durante o período de janeiro a julho; as infrutescências mantiveram os frutos maduros entre 15 e 120 dias. Registrou-se, para a dispersão primária de sementes, a distância máxima de 61 m das plantas parentais, com um acentuado número de sementes próximo das mesmas. A dispersão secundária apresentou dois padrões comportamentais de animais dispersores: os despolpadores e os transportadores/predadores. As sementes no solo foram secundariamente dispersadas e/ou predadas até o início da produção do ano seguinte. Propõem-se 8 classes de comportamento animal para a dispersão de sementes da espécie e um índice de potencial de fluxo gênico via sementes, relacionando a distância entre as plantas adultas com a distância das sementes dispersadas. A espécie é apontada como um grande potencial ecológico e econômico para o enriquecimento de florestas secundárias, apesar de ficar constatada a necessidade de estudos de acompanhamento da dinâmica populacional e dos níveis de interação da espécie dentro destas formações florestais

ASSUNTO(S)

ecologia vegetal sementes - disseminação florestas tropicais palmeira euterpe

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