DISFUNÇÃO EXECUTIVA E BAIXO DESEMPENHO ESCOLAR EM ADOLESCENTES USUÁRIOS DE DROGAS COM HISTÓRIA DE MAUS-TRATOS
AUTOR(ES)
Cunha, Paulo Jannuzzi, Oliveira, Paula Approbato de, Cortezzi, Mariana, Busatto, Geraldo F., Scivoletto, Sandra
FONTE
MedicalExpress (São Paulo, online)
DATA DE PUBLICAÇÃO
2015-12
RESUMO
OBJETIVO: Abuso de substâncias e maus-tratos têm sido altamente associados com déficits nas funções executivas, porém pouco se conhece sobre o impacto da disfunção executiva nas atividades da vida real, especialmente em adolescentes. O objetivo deste estudo foi investigar a presença de déficits nas funções executivas em adolescentes abusadores de substâncias com histórico de maus-tratos, comparando-os com um grupo de jovens controles saudáveis, assim como analisar a associação entre o desempenho executivo e o nível de escolaridade dos participantes. MÉTODO: A amostra foi composta por 15 adolescentes abusadores de substâncias, vítimas de maus tratos e 15 adolescentes saudáveis, sem história de maus-tratos. Todos os participantes foram avaliados pela Bateria de Avaliação Frontal, composto por seis subtestes: Conceituação, Flexibilidade mental, Programação motora, Sensibilidade à interferência, Controle inibitório e Autonomia Ambiental RESULTADOS: Os adolescentes abusadores não diferiram dos controles saudáveis em variáveis sócio-demográficas, tais como idade, etnia e lateralidade. No entanto, apresentaram desempenho significativamente abaixo dos controles em quase todos os domínios das funções executivas, incluindo capacidade de abstração, flexibilidade cognitiva, planejamento motor e sensibilidade à interferência. Os adolescentes vítimas de maus tratos concluíram menos anos de educação formal do que os controles. A pontuação total da Bateria de Avaliação Frontal correlacionou com o nível de escolaridade, na amostra total (r = 0.511; p < 0.01). CONCLUSÃO: Os adolescentes abusadores de substâncias com histórico de maus-tratos apresentam prejuízos em várias medidas de Funções Executivas. Os resultados da Bateria de Avaliação Frontal associam-se com os anos completados de escolaridade. Nossos resultados evidenciam o impacto negativo da disfunção executiva no aproveitamento escolar em adolescentes. Estratégias com foco em reabilitação neuropsicológica podem ser relevantes para ajudar adolescentes abusadores de substâncias e vítimas de maus tratos a atingirem melhor aproveitamento na escola e, talvez, na vida como um todo.
ASSUNTO(S)
neuropsicologia adolescentes dependência química escolaridade
Documentos Relacionados
- Maus-tratos em crianças e adolescentes com deficiência e/ou perturbações do desenvolvimento
- Conhecimentos e percepção de professores sobre maus-tratos em crianças e adolescentes
- Resiliência e maus-tratos à criança
- Avaliação neuropsicológica em crianças vítimas de maus-tratos
- Ocorrência de maus-tratos em idosos no domicílio