Discomfort at work: a study on its expression in the context of contemporary individualism / O mal-estar no trabalho: um estudo sobre suas formas de expressão no contexto do individualismo contemporâneo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta pesquisa se insere no campo da saúde coletiva, mais especificamente da saúde mental, tendo como tema as relações entre trabalho e produção de subjetividade. Toma como pressuposto a centralidade cultural do trabalho, destacando duas formas pelas quais ele se insere no imaginário contemporâneo: a do dever e a da auto-realização. Considera que as práticas de gestão do trabalho, que incluem os discursos e ações dos agentes que determinam os modos de organização social do trabalho, tais como instâncias governamentais, instituições de ensino e de pesquisa, corporações e organizações, produzem efeitos enquanto instâncias reguladoras da inserção social do sujeito. Neste sentido, esta pesquisa teórica e de caráter exploratório pretende contribuir para a compreensão dos modos pelos quais o trabalho promove a estruturação (ou desestruturação) subjetiva no contexto social contemporâneo, em que se destaca um imperativo de felicidade individual baseado em valores que se afastam do bem comum e mantêm uma relação de legibilidade precária com a dimensão da transcendência. Toma o mal-estar como elemento inerente à condição humana, relativo ao que resta insatisfeito da interação do homem com o mundo. Das formas de expressão do mal-estar, interessam as que o sujeito produz diante das demandas colocadas pelas liturgias da produtividade e da vitalidade, elementos dos ideários capitalista e individualista contemporâneos, respectivamente, que capturam as dimensões do dever e da auto-realização no trabalho. A análise do mal-estar é organizada em torno de quatro categorias concebidas como tipos fenomenológicos da inserção do sujeito no trabalho. São elas: (1) a dos excessos, que abrange as respostas que vão além das demandas colocadas; (2) a das inibições, que abrange as respostas que ficam aquém do que é esperado dos sujeitos nas posições que ocupam; (3) a das incongruências, que abrange as respostas deslocadas em relação às demandas incidentes; e, finalmente, (4) a das cisões, que abrange rupturas do sujeito na sua relação com tais demandas. A pesquisa não visa, portanto, figuras específicas da psicopatologia, mas modalidades de experiências do sujeito no trabalho. Com a identificação e análise dessas formas de subjetivação, delimita-se um campo de estudo que pode ser explorado em pesquisas de campo, pela aplicação de entrevistas e questionários, estudos de casos e outras modalidades metodológicas

ASSUNTO(S)

trabalho duty auto-realização dever work subjectivity saude coletiva malaise mal-estar subjetividade self-realization

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