Dinamica do banco de sementes de Sida rhombifolia L. (Malvaceae) na região de Campinas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Sida rhombifolia (Malvaceae) é uma planta invasora amplamente distribuida no território brasileiro, tendo grande importância econômica devido à ocupação de pastagens, cultivos e áreas perturbadas. É uma espécie subarbustiva, que se reproduz exclusivamente por sementes. Uma das características principais das plantas invasoras que garantem o sucesso na colonização é a sua capacidade de sobrevivência por grandes períodos de tempo no solo, através de um banco de sementes persistente. Porém, são escassos os estudos de banco de sementes que analisem os diversos fatores de mortalidade das sementes no solo. Neste trabalho foi estudada, durante dois anos, a dinâmica do banco de sementes de S. rhombifolia na região de Campinas, SP. O estudo da fecundidade foi realizado através da avaliação dos parâmetros vegetativos e reprodutivos de uma população de 20 indivíduos mantida sob condições de laboratório, no Departamento de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O estudo da dinâmica do banco de sementes foi desenvolvido no campo experimental do Centro de Pesquisas Biológicas e Aplicadas (CPQBA, UNICAMP). Em setembro de 1994, numa área de 1 ha, foram marcados 180 pontos distribuidos em 10 transectos paralelos. Em cada ponto foi desenhada uma cruz de 1 m de comprimento em cada eixo, em cujas pontas e centro foram enterrados, diretamente no solo, 50 carpídios em cada uma das seguintes profundidades: superfície (O), 2, 5, 10 e 20 cm. Aos 1, 3, 5, 7, 10, 14, 19 e 24 meses após a instalação do experimento no campo, foi sorteada uma cruz de cada transecto e exumadas as amostras de solo de todas as profundidades dessa cruz. A recuperação das sementes foi realizada por flotação e peneiração sob jato de água, avaliando-se os principais fatores de mortalidade como predação, patógenos, germinação mal sucedida e inviabilidade. Também mensalmente foi registrado no campo o número de sementes germinadas em cada ponto de amostragen. Os resultados obtidos são apresentados e analisados em dois capítulos. O primeiro capítulo trata da estimativa da entrada das sementes no banco. Foi encontrado que as plantas exibem um ciclo de vida bienal, com um período pré-reprodutivo de 60 dias. A partir desse momento. a produção de sementes continuou até a morte das plantas embora com maior produção ao iOf 1go do primeiro ano de vida. Em média,um indivíduo produziu 3813 sementes. das quais 11.74% eram inviáveis principalmente por má formação. As sementes apresentaram dormência inata. A produção de frutos esteve diretamente correlacionada com o número de ramos primários desenvolvidos pelas plantas. No segundo capítulo é analisada a importância relativa dos diversos fatores responsáveis pela perda de sementes, sob condições de campo. Pode-se afirmar que: 1) Antes da dispersão, predadores e pat6genos são responsáveis pela morte de 63.5% das sementes viáveis produzidas pelas plantas. 2) Foi observado um único pico de germinacão de S. rhombifolia que começou imediatamente após o início da época de chuvas (novembro de 1994) e finalizou em fevereiro de 1995. A germinação das sementes foi registrada unicamente na superfície e aos 2 e 5 ano de profundidade. 3) A proporção de sementes recuperadas diminuiu com o tempo, devido à remoção por predadores ou à redispersão por agentes físicos como o vento e a água. A taxa de recuperacão foi menor na superfície do que nas outras profundidades. 4) As causas principais de mortalidade das sementes no banco foram a predação e a infeção por patógenos. 5) Aos 2 e 5 em de profundidade. a predação pós-dispersão foi responsável pela morte de aproximadamente 45% das sementes viáveis, e aos 10 e 20 cm por 35%. Carabídeos, curculonídeos e larvas de coleópteros podem ser alguns dos agentes de predação. 6) Os fungos presentes nas sementes antes da dispersão provavelmente atacaram, por contágio sementes viáveis vizinhas quando enterradas no solo. A sua contribuição como fator de mortalidade foi muito próxima nas diferentes profundidades de enterramento, cerca de 19%. 7) Uma alta proporção das sementes enterradas sobreviveram ao menos dois anos após serem incorporadas ao banco. Entre 20-45% das sementes viáveis continuaram nessa condição. dependendo da profundidade de enterramento. Nenhuma das sementes morreu por senescência. Finalmente, integrando e sintetizando os dados dos dois capítulos anteriores, é apresentada uma tabela de vida diagramática de Sida rhombifolia, sob três profundidades de enterramento das sementes

ASSUNTO(S)

sistema de controle biologico sementes-dormencia germinação

Documentos Relacionados