Dinâmica da variabibilidade climática da precipitação sobre a América do Sul / Rainfall climate variability dynamics over South America

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

A variabilidade climática da precipitação em escalas intrasazonais, sobre o Brasil, e escalas interanual e períodos maiores sobre a América do Sul foram estudadas através da utilização de dados de precipitação diária (1979-1990) e mensal (1951-1990) utilizando diversos métodos estatísticos. Os resultados obtidos mostram que a variabilidade da precipitação sobre a AS, em escalas sazonal e interanual apresenta características regionais intrínsecas, com ciclo anual proeminente e persistente sobre a maior parte do domínio. O ciclo semi-anual é predominante principalmente sobre o norte da Amazônia, com alta persistência, e sul do Brasil com baixa persistência. A distribuição sazonal da precipitação média e as estatísticas probabilísticas estão intensamente relacionadas durante todas as estações do ano. Com relação à variabilidade intrasazonal sobre o Brasil foi encontrado o predomínio de oscilações com período de 20 e 40 dias, com características distintas. A oscilação de 20 dias aparentemente mostra maior dependência das ondas baroclínicas, enquanto que a de 40 dias parece mais relacionada com oscilações de escala global e, possivelmente, interage com maior intensidade com a atmosfera tropical. Quanto à variabilidade interanual nota-se que a precipitação sobre a América do Sul é modulada pelo El Niño/Oscilação Sul (ENOS), porém esta modulação aparece em dois períodos distintos, de 3,7 e 5 anos. A oscilação de 5 anos tem predomínio sobre as regiões equatoriais enquanto que a oscilação de 3,7 anos tem maior influência sobre o sul do Brasil, ambas moduladas pelo Atlântico tropical, porém com intensidades diferentes. A tendência linear e mudança climática sobre a AS apresentam uma distribuição espaço-temporal coerentes entre si. Observouse tendência linear negativa da precipitação anual sobre a faixa de máxima precipitação, associada com a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), e tendência positiva sobre o sul do Brasil. Estes padrões são resultado das tendências negativas intensas concentradas durante as estações de verão, na faixa de máxima precipitação, e no sul do Brasil na primavera. Ambas as tendências parecem estar associadas à mudança climática abrupta observada na metade da década de 70, relacionada à mudança da temperatura superficial do mar (TSM) dos oceanos, principalmente do Oceano Pacífico. Esta mudança climática abrupta teve repercussões sobre quase toda a América do Sul, com exceção do Nordeste do Brasil, onde a precipitação apresenta alta variabilidade interanual e aparente variabilidade quase decadal.

ASSUNTO(S)

análise estatística mudança climática variabilidade climática precipitação

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